Prefácio
Vem a
público mais um livro de José Melquíades de Macedo. Circunstâncias ligadas à sua
saúde nos privaram de mais um trabalho seu, por extenso lapso de tempo. Seus
escritos trazem sempre o charme da linguagem amena. Condimentada da verve que o
caracteriza. Sem falar na agradável de sua erudição humanística.
Desta vez,
nos brinda com um assunto que era do conhecimento exclusivo de poucos
“iniciados”: “O clube dos Inocentes”. Melquíades historia a criação e a vida de
um “Pusillus Grex” que, nos idos de 1950, povoou algumas noites natalenses de
bonomia sadia.
O autor se
identificava muito bem com a pessoa do Professor Saturnino, a quem ajudou a
fundar o Clube. Dessa afinidade de imaginação fértil de ambos nasceram várias
coisas boas. Dentre elas, o “Clube dos Inocentes”, em cujas reuniões memoráveis
pontificavam as estrelas maiores: Cascudo e Saturnino. Melquíades foi um dos
seus buliçosos frequentadores.
Levando por
ele, cheguei lá, Pelos escaninhos da memória vão e vêm as figuras inesquecíveis
de Djalma Santos, Renato Gouveia, Reginaldo, Ascendino, Leiros, Eulício, etc..
Algumas deles já nos deixaram, inclusive os pontífices. Não nos podemos
lamentar. Não só porque fomos usufrutuários privilegiados dessa convivência de
que “La gloire est le soleil des morts”.
Ainda hoje
agradeço a Melquíades essa “iniciação”, como lhe sou grato pelo apoio que me
tornou possível desembarcar e permanecer no Natal daquela época.
É uma
delícia retroceder no tempo com Melquíades. Restituídos à atmosfera daqueles
encontros inocentes, voltamos a habitar aquele ambiente saturado de
descontração saudável. Ali se tinha direito a uma convivência enriquecedora,
com ausência absoluta do grotesco. Distante do “nonsense” que, muitas vezes,
empareda as reuniões de determinados grupos , a postura compenetrada dos sócios
confirmava o componente ético/filosófico da agremiação: “Inocentes das Maldades
Alheias”. “Onnia tempus habent...” “Tudo tem seu tempo”. Rude sabedoria do
Eclesiástico. Tempo bom, em que, para se fundar um Clube, não havia
necessidades de diretrizes regimentais, mas tão somente da capacidade louvável
de ignorar a maldade alheia. Melquíades ressalta, com felicidade, que em vez do
direito escrito, “bastavam os bons costumes”. Era o consuetudinário informando
as relações de um convívio inteligentemente lúdico.
Para gáudio
dos amigos do Professor Saturnino, Melquíades está nos prometendo a esperada
edição de uma biografia do grande mestre. Tenho certeza: das páginas desse
trabalho biográfico não sairá apenas o Saturnino filólogo – o “pater-familias”
da língua portuguesa, do qual todos nós deveríamos – mas sairá também o
Saturnino intensamente humanos e humanizado. O Saturnino íntimo, cotidiano.
Aquele Saturnino, a respeito do qual somos levadores apesar o que de Lamartine
pensou Dumas Filho: “Saturnino eu não comparo, eu separo”. Foi, realmente, uma
figura singular, especial, notável.
Pois bem,
quer falando do “Clube dos Inocentes”,quer biografando figuras humanas, José
Melquíades agrada. Não somente pelo jocoso de suas tiradas literárias. Também,
e principalmente, pela tessitura dos segmentos fraseológicos que faz dele um
estilista balançando entre Eça e Machado de Assis.
Vale a pena
conferir.
Natal
Arnaldo
Arsênio de Azevedo
OPINIÕES
“É uma
delicia retroceder no tempo com Melquíades. Seus escritos trazem sempre charme
linguagem amena, condimentada da verve que a caracteriza. Sem falar no
agradável da erudição humanística. Também, e principalmente, pela tessitura dos
segmentos fraseológicos que faz dele um estilista balançando entre Eça e
Machado de Assis.”
Arnaldo
Arsênio de Azevedo
“A cada
página a memória boa me acorde trazendo alegria intensa e quase lágrima. O
Acadêmico José Melquíades nos restitui esses encontros de emoção, com seu humor
e latim de que é mestre. Esse livro tem a delícia da lembrança e faz perpétuo o
Clube dos Inocentes.”
Diógenes da
Cunha Lima
“A mais de
um degustador do saboroso relato oferecido por José Melquíades sobre esse
extraordinário Clube dos Inocentes ocorrera um sentimento de frustração por o
não ter conhecido em funcionamento, ou até uma porta de inveja póstuma por dele
não haver feito parte. É que, inocentes, naqueles bons tempos das artes de
publicidade, faltou-lhe aos membros a ânsia de divulgarem-na, talvez mesmo pela
natural pudícia. Que esta reflexão sirva de consolo a nós outros que lhe
ficamos de fora.”
Waldson
Pinheiro
“O Clube dos
Inocentes faz parte do patrimônio lúcido-histórico-social e cultural,
devidamente tombado e catalogado, que herdei dos momentos de agradabilíssimo
convívio com algumas das extraordinárias figuras que pertenceram, na forma de
etéreos estatutos, ao seu brilhantíssimo quadro.”
Não pertenci
ao Clube, jamais participei de suas memoráveis reuniões quase angélicas.
Tampouco, cheguei a ser iniciado nos augustos mistérios da inocência clubista
dos treze paladinos da boa maneira de viver, aqui apresentados por José
Melquíades, cujo lema bem poderia ser verus amicus est tamquam alter idem. Isto
foi privilégios de poucos! Muitos provavelmente, fui privado da distinção de passar
pela cerimônia iniciática dessa formidável instituição por desencontro
cronológico. Minha geração não havia atingido a idade iniciática quando a
“benemérita instituição”, o C.I., promovia suas antológicas tertúlias pelos
quatro cantos da mística cidade dos reis magos.
Entretanto,
tão logo comecei a sorver os espumantes goles do néctar dos deuses, em
companhia de José Melquíades. Professor Ascendino, Severino Nunes, Eulício
Farias de Lacerda, João Medeiros Filho, Veríssimo Pinheiro de Melo e outros que
já eram venerados mestres das artes bem beber e viver, diplomados, MAGNA CUM
LAUDE, em dar “pregas no tempo”, como dizia o mestre Saturnino, ouvi, muitas
vêzes, falar das proezas dos inocentes. Escutarei fantásticas histórias
relacionadas com esse peculiaríssimo sodalício.
Como os
”casos” eram relatados invariavelmente em meio ”a umas e outras”, havia sempre
quem discordasse. Nesses momentos, intuitivamente, recorríamos a José
Melquíades, que sempre fora uma espécie de Oráculo secretarial e biógrafo em
potencial do clubes e dos seus associados, regulamentos e estatutos,
à semelhança da Constituição da Inglaterra, não eram escritas mas eram
profundamente democráticos.
José
Melquíades, nesse seu admirável trabalho, fixa o componente humano do etéreo
“Clube dos Inocentes” no tempo e no espaço, possibilitando aos contemporâneos e
pósteros, a contemplação descontraída de uma das mais pungentes épocas da
história lúdica social e cultural do Rio Grande do Norte”.
João Batista
Pinheiro Cabral
“JOSÉ
MELQUÍADES, meu professor de latim, erudito e humanista, confrade no
Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte, desde 15 de mais de 1965, publica, para o julgamento a
História, SATURNINO, CASCUDO e o CLUBE DOS INOCENTES.
Valioso
trabalho, impregnado de emoção e saudades dos tempos idos e vividos, para
evocar Machado de Assis.
A sua
leitura nos prende e nos fascina, pelo estilo ameno e envolvente.
Conheci
também o mestre Câmara Cascudo, genial e humilde (1898-1986), a quem devo a
minha formação cultural, pelo convívio, quase diário, em seu velho casarão da
Av. Junqueira Aires. Dele fui aluno, integrante a primeira turma da Faculdade
de Direito da UFRN (1959).
E José
Melquíades, com mais esta publicação, dá um testemunho vivo de sua intimidade
com a historiador inolvidável e imoral.
Quando ao
saudoso Saturnino, recordo-me da época da Ginásio “7 de Setembro”, dirigido
pelo sempre lembrado professor Antonio Fagundes.
Grande
livro. Emocional e telúrico.
Lendo-o da
memória jamais se apagará...”
Enélio Lima Petrovich, presidente do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.
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