sábado, 13 de julho de 2013

O Clube dos Inocentes (II).

Prefácio  
Vem a público mais um livro de José Melquíades de Macedo. Circunstâncias ligadas à sua saúde nos privaram de mais um trabalho seu, por extenso lapso de tempo. Seus escritos trazem sempre o charme da linguagem amena. Condimentada da verve que o caracteriza. Sem falar na agradável de sua erudição humanística.
Desta vez, nos brinda com um assunto que era do conhecimento exclusivo de poucos “iniciados”: “O clube dos Inocentes”. Melquíades historia a criação e a vida de um “Pusillus Grex” que, nos idos de 1950, povoou algumas noites natalenses de bonomia sadia.
O autor se identificava muito bem com a pessoa do Professor Saturnino, a quem ajudou a fundar o Clube. Dessa afinidade de imaginação fértil de ambos nasceram várias coisas boas. Dentre elas, o “Clube dos Inocentes”, em cujas reuniões memoráveis pontificavam as estrelas maiores: Cascudo e Saturnino. Melquíades foi um dos seus buliçosos frequentadores.
Levando por ele, cheguei lá, Pelos escaninhos da memória vão e vêm as figuras inesquecíveis de Djalma Santos, Renato Gouveia, Reginaldo, Ascendino, Leiros, Eulício, etc.. Algumas deles já nos deixaram, inclusive os pontífices. Não nos podemos lamentar. Não só porque fomos usufrutuários privilegiados dessa convivência de que “La gloire est le soleil des morts”.
Ainda hoje agradeço a Melquíades essa “iniciação”, como lhe sou grato pelo apoio que me tornou possível desembarcar e permanecer no Natal daquela época.
É uma delícia retroceder no tempo com Melquíades. Restituídos à atmosfera daqueles encontros inocentes, voltamos a habitar aquele ambiente saturado de descontração saudável. Ali se tinha direito a uma convivência enriquecedora, com ausência absoluta do grotesco. Distante do “nonsense” que, muitas vezes, empareda as reuniões de determinados grupos , a postura compenetrada dos sócios confirmava o componente ético/filosófico da agremiação: “Inocentes das Maldades Alheias”. “Onnia tempus habent...” “Tudo tem seu tempo”. Rude sabedoria do Eclesiástico. Tempo bom, em que, para se fundar um Clube, não havia necessidades de diretrizes regimentais, mas tão somente da capacidade louvável de ignorar a maldade alheia. Melquíades ressalta, com felicidade, que em vez do direito escrito, “bastavam os bons costumes”. Era o consuetudinário informando as relações de um convívio inteligentemente lúdico.
Para gáudio dos amigos do Professor Saturnino, Melquíades está nos prometendo a esperada edição de uma biografia do grande mestre. Tenho certeza: das páginas desse trabalho biográfico não sairá apenas o Saturnino filólogo – o “pater-familias” da língua portuguesa, do qual todos nós deveríamos – mas sairá também o Saturnino intensamente humanos e humanizado. O Saturnino íntimo, cotidiano. Aquele Saturnino, a respeito do qual somos levadores apesar o que de Lamartine pensou Dumas Filho: “Saturnino eu não comparo, eu separo”. Foi, realmente, uma figura singular, especial, notável.
Pois bem, quer falando do “Clube dos Inocentes”,quer biografando figuras humanas, José Melquíades agrada. Não somente pelo jocoso de suas tiradas literárias. Também, e principalmente, pela tessitura dos segmentos fraseológicos que faz dele um estilista balançando entre Eça e Machado de Assis.
Vale a pena conferir.
Natal
Arnaldo Arsênio de Azevedo

OPINIÕES
“É uma delicia retroceder no tempo com Melquíades. Seus escritos trazem sempre charme linguagem amena, condimentada da verve que a caracteriza. Sem falar no agradável da erudição humanística. Também, e principalmente, pela tessitura dos segmentos fraseológicos que faz dele um estilista balançando entre Eça e Machado de Assis.”
Arnaldo Arsênio de Azevedo
“A cada página a memória boa me acorde trazendo alegria intensa e quase lágrima. O Acadêmico José Melquíades nos restitui esses encontros de emoção, com seu humor e latim de que é mestre. Esse livro tem a delícia da lembrança e faz perpétuo o Clube dos Inocentes.”
Diógenes da Cunha Lima
“A mais de um degustador do saboroso relato oferecido por José Melquíades sobre esse extraordinário Clube dos Inocentes ocorrera um sentimento de frustração por o não ter conhecido em funcionamento, ou até uma porta de inveja póstuma por dele não haver feito parte. É que, inocentes, naqueles bons tempos das artes de publicidade, faltou-lhe aos membros a ânsia de divulgarem-na, talvez mesmo pela natural pudícia. Que esta reflexão sirva de consolo a nós outros que lhe ficamos de fora.”
Waldson Pinheiro
“O Clube dos Inocentes faz parte do patrimônio lúcido-histórico-social e cultural, devidamente tombado e catalogado, que herdei dos momentos de agradabilíssimo convívio com algumas das extraordinárias figuras que pertenceram, na forma de etéreos estatutos, ao seu brilhantíssimo quadro.”
Não pertenci ao Clube, jamais participei de suas memoráveis reuniões quase angélicas. Tampouco, cheguei a ser iniciado nos augustos mistérios da inocência clubista dos treze paladinos da boa maneira de viver, aqui apresentados por José Melquíades, cujo lema bem poderia ser verus amicus est tamquam alter idem. Isto foi privilégios de poucos! Muitos provavelmente, fui privado da distinção de passar pela cerimônia iniciática dessa formidável instituição por desencontro cronológico. Minha geração não havia atingido a idade iniciática quando a “benemérita instituição”, o C.I., promovia suas antológicas tertúlias pelos quatro  cantos da mística  cidade dos reis magos.
Entretanto, tão logo comecei a sorver os espumantes goles do néctar dos deuses, em companhia de José Melquíades. Professor Ascendino, Severino Nunes, Eulício Farias de Lacerda, João Medeiros Filho, Veríssimo Pinheiro de Melo e outros que já eram venerados mestres das artes bem beber e viver, diplomados, MAGNA CUM LAUDE, em dar “pregas no tempo”, como dizia o mestre Saturnino, ouvi, muitas vêzes, falar das proezas dos inocentes. Escutarei fantásticas histórias relacionadas com esse peculiaríssimo sodalício.
Como os ”casos” eram relatados invariavelmente em meio ”a umas e outras”, havia sempre quem discordasse. Nesses momentos, intuitivamente, recorríamos a José Melquíades, que sempre fora uma espécie de Oráculo secretarial e biógrafo em potencial do clubes e dos seus associados, regulamentos e estatutos, à semelhança da Constituição da Inglaterra, não eram escritas mas eram profundamente democráticos.
José Melquíades, nesse seu admirável trabalho, fixa o componente humano do etéreo “Clube dos Inocentes” no tempo e no espaço, possibilitando aos contemporâneos e pósteros, a contemplação descontraída de uma das mais pungentes épocas da história lúdica social e cultural do Rio Grande do Norte”.
João Batista Pinheiro Cabral
“JOSÉ MELQUÍADES, meu professor de latim, erudito e humanista, confrade no Instituto  Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, desde 15 de mais de 1965, publica, para o julgamento a História, SATURNINO, CASCUDO e o CLUBE DOS INOCENTES.
Valioso trabalho, impregnado de emoção e saudades dos tempos idos e vividos, para evocar Machado de Assis.
A sua leitura nos prende e nos fascina, pelo estilo ameno e envolvente.
Conheci também o mestre Câmara Cascudo, genial e humilde (1898-1986), a quem devo a minha formação cultural, pelo convívio, quase diário, em seu velho casarão da Av. Junqueira Aires. Dele fui aluno, integrante a primeira turma da Faculdade de Direito da UFRN (1959).
E José Melquíades, com mais esta publicação, dá um testemunho vivo de sua intimidade com a historiador inolvidável e imoral.
Quando ao saudoso Saturnino, recordo-me da época da Ginásio “7 de Setembro”, dirigido pelo sempre lembrado professor Antonio Fagundes.
Grande livro. Emocional e telúrico.
Lendo-o da memória jamais se apagará...”
Enélio Lima Petrovich, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte.











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