sexta-feira, 3 de abril de 2015

Peixe faz mesmo tão bem assim para a saúde?

  • Há 14 minutos
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Presença de ômega-3 fez peixes serem considerados alimentos saudáveis
Hoje é Sexta-Feira Santa, dia em que muitas pessoas trocam carne vermelha e frango por peixes - alimento que tem uma excelente reputação como fonte de nutrientes altamente benéficos para a saúde.
Mas os peixes realmente fazem tão bem assim? Se sim, qual é o melhor peixe do ponto de vista nutricional?
A resposta não é tão simples.

Ômega 3

Nos últimos anos, a boa reputação do peixe esteve associada à presença de ômega 3, ácidos graxos essenciais que o corpo não produz a partir de outras substâncias - são "poli-insaturadas" -, encontrados em abundância em certos peixes.
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Mercado de óleo de peixe cresceu nos últimos anos
Durante muito tempo a ciência apoiou e incentivou o consumo de peixe. Estudos sugeriam que o consumo era bom para o coração, o desenvolvimento do cérebro e o crescimento.
O ômega 3 começou a ser adicionado a certos alimentos, como leite, sucos e cereais, e uma indústria de suplementos de óleo de peixe floresceu.
Mas, mais recentemente, pesquisas ligaram o ômega 3 a um risco maior de desenvolver certos tipos de câncer (como o de próstata) e descartaram que o consumo de suplementos de óleo de peixe reduz o risco de doenças cardíacas.
Também descobriu-se que o excesso de ômega 3 pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral.
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Especialistas recomendam ingestão de peixes gordurosos uma vez por semana
"Foram atribuídos ao ômega 3 diversos benefícios sobre os quais não se têm certeza", disse à BBC Eduardo Baladía, editor da revista Nutrição Humana e Dietética e promotor do Centro de Análise de Evidência Científica da Fundação Espanhola de Dietética e Nutrição (FEDN).
"Na verdade, temos dúvidas sobre o ômega 3. É muito problemático dizer que consumi-lo faz bem para a saúde."

O quadro completo

Um ponto sobre o qual os especialistas concordam é que o valor nutritivo do peixe não começa e não termina no ômega 3.
"Se você pudesse dizer, com certeza, que os benefícios de comer peixe se originam inteiramente na gordura poli-insaturada, então ingerir pílulas de óleo de peixe seria uma alternativa a comer o próprio peixe. Mas é mais provável que uma pessoa precise da totalidade das gorduras dos pescados, suas vitaminas e minerais ", escreveu Howard Levine, chefe editorial da publicação de Saúde da Universidade de Harvard, em um artigo em 2013.
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Poluição no mar leva substâncias tóxicas a alguns tipos de peixe
"Às vezes nos fixamos demais em supernutrientes e superalimentos", diz Eduardo Baladía.
"A ingestão de peixe substitui o consumo de carne, que têm gorduras menos saudáveis. Isso podemos considerar verdade absoluta. E, só por isso, já é interessante comer peixe", completa.

Então, qual peixe?

Em revistas e jornais, inúmeros artigos recomendam a opção por peixes com mais gordura, porque eles são ricos em ômega 3.
A Clínica Mayo, em Rochester, nos Estados Unidos, por exemplo, diz que "peixes gordurosos, como salmão, truta, arenque e atum, contêm mais ômega 3, e, assim, proporcionam benefício maior."
Baladía, por sua vez, acha que há espaço para peixe com baixo teor de gordura - e, portanto, calorias.
"Especialmente em uma sociedade em que o consumo de energia é alto, em que as gorduras saturadas e o colesterol são elevados, uma refeição sem isso, feita apenas de proteínas, é atraente", diz ele.

Semana Santa o ano todo?

Mas o conselho é não transformar a dieta da Sexta-Feira Santa em rotina o ano todo.
O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido recomenda comer apenas uma porção de peixe gorduroso por semana - por causa de sustâncias tóxicas, como o mercúrio, presentes nestas espécies devido à contaminação das águas - e quantas vezes quiser de peixes pouco gordurosos.
Mas todos concordam que frutas e verduras ainda são a chave de uma alimentação saudável.
Fonte: BBC.uk.co

quinta-feira, 2 de abril de 2015

Demanda fraca derruba exportações globais de uísque escocês

  • 1 abril 2015
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(PA)
Vendas para o Brasil caíram 20% em 2014; associação do setor culpou 'condições econômicas' e 'volatilidade política'
Após uma década de crescimento ininterrupto, as exportações de uísque escocês caíram 7% em 2014, em decorrência da menor demanda global pelo produto, informou a principal entidade do setor.
De acordo com a Scotch Whisky Association (SWA), as vendas do destilado para o exterior totalizaram 3,95 bilhões de libras (R$ 18,7 bilhões) no ano passado.
A queda se deveu em parte à redução das exportações para os Estados Unidos, o maior mercado consumidor de uísque escocês por valor, onde as vendas caíram 9%, para 748 milhões de libras (R$ 3,5 bilhões).
A SWA culpou o que chamou de "condições econômicas mais fracas e volatilidade política" em alguns mercados.
No entanto, a entidade diz ter esperanças em uma retomada das vendas, alegando que o cenário de longo prazo para o setor se mantinha favorável por causa do forte crescimento em muitos mercados emergentes.
As exportações para Taiwan, por exemplo, cresceram 36% para 197 milhões de libras (R$ 934 milhões), em parte devido à popularidade crescente do uísque puro malte.
Já as vendas para a Índia subiram 29% para 89 milhões de libras (R$ 422 milhões), apesar de uma tarifa de importação de 150%.
Por outro lado, as exportações para o Brasil caíram 20%, para 80 milhões de libras (R$ 379 milhões), em decorrência da valorização da divisa britânica. Em termos de volume de uísque exportado para o país, no entanto, não houve crescimento ou queda na comparação com 2014.
O Brasil é o 13º principal destino das vendas de uísque escocês no mundo, à frente de países como Canadá, Japão e Holanda.
O importante mercado dos Emirados Árabes Unidos continuou a crescer, com alta de 27% nas exportações.
No entanto, as vendas para Cingapura caíram 39%, para 200 milhões de libras (R$ 948 milhões).
A SWA informou que as quedas nas vendas à cidade-estado se deveram à campanha de austeridade promovida pela China – o destino final da maior parte do uísque escocês que sai do Reino Unido rumo a Cingapura.
Já as exportações diretas para a China, o 26º maior mercado em valor, caíram 23%, para 39 milhões de libras (R$ 185 milhões).

'Produto autêntico'

A SWA acrescentou que a queda de 9% nas exportações para os EUA, o principal mercado, se deveu em parte aos ajustes de estoque e à concorrência do mercado de destilados.
As vendas para a França, o maior mercado para uísque escocês em volume e o segundo maior em valor, cresceram 2% para 445 milhões de libras, indicando que o mercado francês se estabilizou depois que o governo do país aumentou o imposto sobre o destilado.
Apesar da queda, as vendas externas parecem ter tido um desempenho melhor na segunda metade do ano passado, o que foi interpretado como um sinal de otimismo pela indústria.
O executivo-chefe SWA David Frost disse: "Fatores políticos e econômicos em alguns importantes mercado fizeram as exportações de uísque escocês recuar em 2014 depois de uma década de forte crescimento".
"Isso mostra que o sucesso da indústria não pode ser encarado como certo e que devemos continuar a lutar por mais mercados abertos e acordos de comércio ambiciosos para derrubar as barreiras de acesso a alguns mercados".
"Os fundamentos a longo prazo permanecem fortes, na medida em que consumidores nos mercados emergentes manifestam interesse de comprar uísque escocês como um produto autêntico e de alta qualidade, com uma forte reputação e procedência legítima".
"Isso impulsiona o forte investimento na produção de uísque na Escócia e o interesse significativo do país nesse setor".