terça-feira, 20 de dezembro de 2011

O poeta Marcos Pinto envia poema de Luiz Campos.

Em meio aos sentimentos que nos toma neste Natal, lembremos daqueles aonde o "bom velhinho" não consegue chegar nos versos mais que verdadeiros do poeta Luiz Campos.


Felicidades a todos...


CARTA A PAPAI NOÉ

Luís Campos

Poeta mossoroense

Seu moço eu fui um garoto
Infeliz na minha infância
Que soube que fui criança
Mas pela boca dos outo.
Só brinquei com os gafanhoto
Que achava nos tabuleiro
Debaixo dos juazeiro
Com minhas vaca de osso
Essa catrevage, sêo moço
Que a gente arranja sem dinheiro.

Quando eu via um gurizin
Brincando de velocipe
De caminhão e de gipe
Bola, revólver e carrin
Sentia dentro de mim
Desgosto que dava medo
Ficava chupando o dedo
Chorando o resto do dia
Só pruquê eu num pudia
Pegar naqueles brinquedo.

Mas preguntei uma vez
A uns fio de dotô
Diga, fazendo um favô
Quem dá isso pra vocês?
Mim respondeu logo uns três
Isso aqui é os presente
Que a gente é inocente
Vai drumí às vêis nem nota
Aí Papai Noé bota
Perto do berço da gente.  

Fiquei naquilo pensando
Inté o Natá chegá
E na Noite de Natá
Eu fui drumi mim lembrando
Acordei fiquei caçando
Por onde eu tava deitado
Seu moço eu fui enganado
Que de presente o que tinha
Era de mijo uma pocinha
Que eu mermo tinha botado

Saí c’a bixiga preta
Caçando os amigos meu
Quando eles mostraram a eu
Caminhão, carro e carreta
Bola, revólver, corneta
E trem elétrico, até
Boneca, máquina de pé
Mas num brinquei, só fiz vê
E resolvi escrevê
Uma carta a Papai Noé.

“Papai Noé, é pecado
Os outro se matratá
Mas eu vou le recramá
Um troço que tá errado
Que aos fio de deputado
Você dá tanto carrin
Mas você é muito ruim
Que lá em casa num vai
Por certo num é meu pai
Que num se lembra de mim.

Já tô certo que você
Só balança o povo seu
E um pobe qui nem eu
Você vê, faz qui num vê
E se você vê, porque
Na minha casa num vem?
O rancho que a gente tem
E pequeno mas le cabe
Será que você num sabe
Qui pobe é gente também?

Você de roupa encarnada,
Colorida, bonitinha
Nunca reparou que a minha
Já tá toda remendada
Seja mais meu camarada
Prêu num chamá-lo de ruim
Para o ano faça assim:
Dê menos aos fio dos rico
De cada um tire um tico,
Traga um presente pra mim.

Meu endereço eu vou dá,
Da casa que eu moro nela
Moro naquela favela
Que você nunca foi lá
Mas quando você chegá
Que avistá uma paióça
Cuberta cum lona grossa
E dois buraco bem grande
Uma porta véia de frande
Pode batê que é a nossa.

sábado, 3 de dezembro de 2011

HISTÓRIA - 02/12/2011 17h20 - Atualizado em 03/12/2011 00h40
 

As ações da CIA no Brasil

Os arquivos secretos da Marinha revelam como o serviço secreto americano
mantinha informantes infiltrados entre os comunistas brasileiros

LEONEL ROCHA, EUMANO SILVA E LEANDRO LOYOLA
 
 
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selo ultra secreto (Foto: reprodução)

Nos tempos da Guerra Fria, a atuação agressiva dos serviços secretos era um meio de ultrapassar as fronteiras da “cortina de ferro”, expressão usada para designar a divisão do mundo em áreas de influência dos Estados Unidos e da extinta União Soviética. Espiões infiltrados em governos, partidos e grupos armados tiveram participação determinante em muitos fatos históricos daquele período. A aura de mistério em torno dos agentes secretos criou mitos e inspirou o cinema e a literatura policial. Esse ambiente que mistura lendas e segredos de Estado forneceu farto material para denúncias e especulações sobre a influência da Central Intelligence Agency (CIA), o serviço secreto dos Estados Unidos, em acontecimentos relacionados à ditadura militar instalada em 1964.
Os arquivos secretos da Marinha obtidos com exclusividade por ÉPOCA ajudam a entender a nebulosa relação dos governos militares brasileiros com a agência de espionagem americana. Esta segunda reportagem sobre o conteúdo de mais de 2 mil páginas produzidas pelo Centro de Informação da Marinha (Cenimar) torna públicos, pela primeira vez, documentos da ditadura que comprovam o envolvimento direto de agentes da CIA em fatos ocorridos no Brasil antes e depois do golpe de 31 de março. Nos arquivos do Cenimar, a que ÉPOCA teve acesso, aparecem descritos dois casos de aliciamento de militantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o “Partidão”, pela CIA. Um deles, um ano antes da tomada do poder pelos militares, informação que reforça a tese de envolvimento da CIA na preparação do golpe de 1964. Em março de 1963, segundo os documentos, Manoel dos Santos Guerra Júnior, o Guerrinha, militava no PCB quando recebeu a visita de um estrangeiro. De acordo com a versão documentada pelo Cenimar, o desconhecido falava com sotaque e se apresentou como agente da CIA. Sem fazer cerimônias, convidou o dono da casa para trabalhar como informante remunerado da agência americana.
mensagem707 CIA (Foto: reprodução)
Aos 30 anos, Guerra Júnior conhecia o PCB por dentro. Filho de um veterano comunista, tinha contatos com dirigentes estaduais do partido e atuava no comitê universitário. Sua primeira reação à oferta, dizem os documentos, foi dizer não. Em outro encontro, o visitante disse que fez a abordagem porque sabia que Guerra Júnior, em troca de dinheiro, colaborava havia algum tempo com o Cenimar e com o Conselho de Segurança Nacional (CSN), órgão de assessoramento direto do presidente da República. A revelação feita pelo visitante quebrou a resistência do brasileiro, de acordo com o relato do Cenimar. Guerra Júnior, afirma o documento, passou a trabalhar para a CIA com salário mensal de 60 mil cruzeiros, mais o aluguel de um apartamento e um emprego formal.
O caso narrado acima ficou registrado em um relatório de cinco páginas do Cenimar, produzido em 1964 e rebatido à máquina em abril de 1970. Para ter uma ideia do tratamento especial dado a essas informações, trata-se de um dos poucos documentos com tarja de “ultrassecreto” no material do Cenimar. Esses documentos fazem parte de um pacote de papéis identificado como Operação Master. A curiosa história de Guerra Júnior é contada em detalhes no texto produzido pela Marinha. Antes de ser aliciado pela CIA, Guerra Júnior recebia por mês, de acordo com o documento, 10 mil cruzeiros do Conselho de Segurança e 20 mil cruzeiros do Cenimar. Ele se tornou, segundo o Cenimar, um militante comunista e triplo agente secreto. O documento diz que o Cenimar continuou remunerando Guerra Júnior mesmo depois que ele passou a trabalhar para a CIA e para o Conselho de Segurança.
Advogado, Guerra Júnior hoje tem 79 anos e mora num apartamento de classe média em Copacabana, no Rio de Janeiro. Em entrevista a ÉPOCA, ele negou ter sido agente da CIA, do CSN e do Cenimar, embora tenha confirmado o uso do apartamento e o nome de pessoas com as quais mantinha relações. “Estas acusações são um absurdo”, diz Guerra Júnior. “Nunca fui informante e também não é verdade que eu tenha tido emprego no CSN. Estas informações são uma falsificação. Estes relatórios devem ter sido forjados por organizações anticomunistas para justificar a verba que recebiam do exterior”, afirma o advogado. Guerra Júnior diz ter sido integrante do PCB desde os 19 anos, alinhado com as orientações de Luiz Carlos Prestes, como o pai. Afirma ainda que, por causa da militância, esteve preso duas vezes. “Disseram no partido que eu era policial e, por isso, me afastei da militância depois do golpe. Eu me senti ameaçado”, diz.
Ele (agente da CIA) disse que queria informações. Eu disse que não podia fazer o trabalho "
Armênio Guedes, ex-dirigente do PCB
Os documentos da Operação Master reúnem informações sobre o período de 1963 até 1973. As relações do aparato de informação montado pelo regime militar no Brasil com a CIA nessa década permaneceram até hoje obscurecidas pela falta de documentos. O segundo caso relacionado à presença da CIA no Brasil registrado pelos arquivos da Marinha expõe detalhes dessa cooperação. No dia 3 de dezembro de 1972, o Jornal do Brasil publicou uma entrevista de página inteira com um homem de 43 anos que se apresentou como “Agente Carlos” e disse ter sido durante mais de dez anos colaborador direto de Luiz Carlos Prestes, secretário-geral e líder máximo do PCB. Ele afirmou que procurara o jornal para denunciar as “maquinações do Movimento Comunista Internacional”. Sem revelar sua verdadeira identidade, relatou como o PCB funcionava na clandestinidade e deu detalhes sobre as conexões com a União Soviética e com os partidos comunistas da América Latina. Boa parte das declarações do “Agente Carlos” se referia às movimentações de Fued Saad, dirigente do PCB responsável pela seção de relações exteriores do partido, e de Prestes, na época exilado em Moscou. O “Agente Carlos” disse ter-se arrependido da militância comunista depois de duas décadas no partido. Também afirmou que, durante muito tempo, foi assediado para se tornar informante no Brasil da KGB, o serviço secreto soviético. Deu também o nome de dois agentes da KGB no Brasil, Nikolai Blagushin e Victor Yemelin. Quatro dias depois da entrevista, o JB publicou a identidade verdadeira do denunciante. O “Agente Carlos” se chamava Adauto Alves dos Santos, integrante da seção de relações exteriores do PCB e auxiliar direto de Prestes.
“AGENTE CARLOS” Acima, reprodução de reportagem do Jornal do Brasil, de 1972, em que Adauto dos Santos, militante do PCB, denunciava as conexões internacionais do Partidão. Segundo os documentos do Cenimar, a entrevista foi arquitetada com a participação  (Foto: reprodução)
A atitude de Adauto ao buscar o jornal intrigou alguns dirigentes do PCB. Eles suspeitaram que a CIA tivesse participação no aparecimento público do auxiliar de Prestes. Naqueles anos, vários integrantes da cúpula do partido haviam sido procurados por agentes americanos, mas não havia provas da ação da CIA no episódio. Os arquivos da Marinha sugerem que a entrevista do “Agente Carlos” tenha sido orientada pela CIA. No dia 15 de setembro de 1972, um dos principais oficiais do Cenimar enviou ao então diretor do órgão, almirante Joaquim Coutinho Neto, dois documentos sobre a Operação Sombra, ambos relacionados à entrevista de Adauto. Um dos papéis tem o timbre do SNI e a inscrição “Presidência da República”. Em cinco páginas manuscritas, relata a formação de dois grupos de trabalho, um em Brasília e outro no Rio, ambos com representantes do SNI, do Cenimar e da CIA. O grupo do Rio tinha a missão de, entre outras medidas, criar condições para ouvir, com toda a segurança e sigilo, o “elemento infiltrado” pela CIA no Movimento Comunista Internacional (MCI). O homem foi tratado como “Sr. Sombra”. O plano relatado no documento incluía uma entrevista aos meios de comunicação para denunciar as “manobras do MCI”. Foi o que aconteceu nas páginas do Jornal do Brasil menos de três meses depois.
Um relatório preparado para o almirante Coutinho diz que o “informante” foi entrevistado pelo Cenimar na presença de um representante da CIA. O nome de Adauto, ou do “Agente Carlos”, não é citado no documento, mas o cruzamento das informações do Cenimar com a reportagem do Jornal do Brasil sugere que se trata da mesma pessoa. As referências ao comunismo internacional, à política latino-americana e ao comunista Fued Saad e à KGB são coincidentes. O “informante” também fala ao Cenimar de Nikolai Blagushin e Victor Yemelin, os dois soviéticos que mantinham contato com o PCB no Brasil.
ELE DISSE NÃO Armênio Guedes em sua casa, em São Paulo. Ele afirma que recebeu proposta para ser informante da CIA. Rejeitou. Depois foi enviado ao Chile pelo PCB  (Foto: Rogério Cassimiro/ÉPOCA  )
A aparição pública de Adauto cumpriu um cronograma recusado por outros comunistas. Um dirigente do partido, Armênio Guedes, hoje com 88 anos e residente em São Paulo, diz que certa vez foi procurado por um sujeito com aparência de latino que, na opinião dele, era da CIA. “Ele me disse que sabia de minhas divergências com a ala do partido que defendia a luta armada e gostaria de informações. Assustado, eu disse que não podia fazer o trabalho. Alguns dias depois, por segurança, a direção do partido me mandou para o Chile”, afirma Guedes. Outro antigo dirigente do PCB, Givaldo Siqueira, afirma que sabia da infiltração da CIA no partido desde antes do golpe. “Os companheiros que eram abordados pela CIA e nos avisavam eram mandados para o exterior, mas não sabíamos de todos que eram procurados”, diz Siqueira.
Um fato ocorrido em 1987 deixou os comunistas ainda mais intrigados. Durante uma comemoração na Embaixada da União Soviética em Brasília pelos 70 anos da revolução russa, o dirigente comunista Salomão Malina reconheceu Adauto dos Santos entre os presentes. Revoltado, Malina pediu aos integrantes do PCB que se retirassem com ele. No dia seguinte, três representantes do partido estiveram na embaixada para pedir explicações. Não tiveram resposta. Na cúpula do “Partidão” ficou a suspeita de que Adauto também fora agente da KGB, além de informante da CIA. ÉPOCA tentou localizar Adauto em Brasília, em seu último endereço conhecido, mas o porteiro do prédio disse que ele não morava mais no local.
OS CANAIS OFICIAIS O presidente Castello Branco (à esq.) cumprimenta o embaixador dos EUA, Lincoln Gordon, em Brasília, em 1964. Gordon sempre sustentou que a atuação dos EUA no  golpe de 1964 resumiu-se a medidas para retirar cidadãos americanos  do Bras (Foto: arq. AE)
O envolvimento dos Estados Unidos com a ditadura brasileira pouco aparece em documentos oficiais. Registros revelam que, desde 1962, a CIA informava o governo americano das movimentações militares e civis contra o governo João Goulart. Os americanos negam ter participado diretamente do golpe que derrubou o presidente João Goulart em 1964 e colocou o marechal Humberto Castello Branco no poder – embora tenham mobilizado navios de guerra e petroleiros rumo ao litoral brasileiro no episódio conhecido como Operação Brother Sam. Numa carta escrita ao historiador Ronaldo Costa Couto, chefe da Casa Civil no governo José Sarney, o embaixador dos EUA no Brasil na ocasião do golpe, Lincoln Gordon, disse que o objetivo da frota era ajudar cidadãos americanos a deixar o Brasil se eclodisse uma guerra civil. “Estes arquivos da Marinha são fundamentais para o esclarecimento do passado recente do Brasil”, afirmou Costa Couto a ÉPOCA.
O historiador americano Peter Kornbluh, analista do Arquivo de Segurança Nacional dos EUA, afirma que até hoje não haviam aparecido documentos com referências diretas à contratação pela CIA de agentes no Brasil. “Sabemos que existiram operações secretas da CIA na América Latina”, afirma Kornbluh. “Mas não conheço documentos que mostrem atividades assim no Brasil.” Os documentos revelados por ÉPOCA, segundo Kornbluh, podem suscitar novas buscas nos arquivos da CIA. “Com esses papéis, podemos tentar desclassificar documentos da CIA (referentes a essas atividades no Brasil)”, diz. Segundo ele, é um processo longo, que pode demorar entre quatro e cinco anos.
A REDE Um dos poucos documentos ultrassecretos do Cenimar afirma que havia uma rede de espionagem da CIA funcionando em território nacional antes do golpe militar de 1964 (Foto: reprodução)

O CONVITE O texto diz que Manoel dos Santos Júnior foi procurado por um estrangeiro e recebeu proposta para trabalhar como informante da CIA no Brasil em março de 1963 (Foto: reprodução)

A ASSOCIAÇÃO Documento do SNI, arquivado no Cenimar, trata da associação  dos serviços secretos brasileiro e americano. Diz o texto: “Organizar dois grupos de trabalho com elementos do SNI, CIA e Cenimar”  (Foto: reprodução)

O SOMBRA Documento do Cenimar para o ministro da Marinha informa sobre a Operação Sombra. A operação foi a entrevista de Adauto dos Santos ao JB, denunciando atividades dos comunistas (Foto: reprodução)

JUNTOS O texto afirma que agentes do Cenimar falaram com Sombra junto com um agente da CIA (Foto: reprodução)

Foto inédita mostra Dilma em interrogatório em 1970

ÉPOCA publica na edição desta semana uma imagem da presidente Dilma Rousseff aos 22 anos, na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro

REDAÇÃO ÉPOCA
140 caracteres
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Gênero
A vida quer coragem (Editora Primeiro Plano), do jornalista Ricardo Amaral, chega às livrarias na primeira quinzena de dezembro. A foto abaixo, inédita, está no livro que conta a trajetória de Dilma Rousseff da guerrilha ao Planalto. Amaral, que foi assessor da Casa Civil e da campanha presidencial, desencavou a imagem no processo contra Dilma na Justiça Militar. A foto foi tirada em novembro de 1970, quando a hoje presidente da República tinha 22 anos. Após 22 dias de tortura, ela respondia a um interrogatório na sede da Auditoria Militar do Rio de Janeiro.
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A RÉ DILMA Dilma na sede da Auditoria Militar no Rio de Janeiro, em novembro  de 1970. Ao fundo, os oficiais que a interrogavam sobre sua participação na luta armada escondem o rosto com a mão (Foto: Reprodução que consta no processo da Justiça Militar)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Ele tem 17 anos e mora no Sítio Três Altos, a 5 quilômetros do centro da cidade de Almino Afonso, no Oeste do Rio Grande do Norte, onde cursa o terceiro ano numa escola da rede estadual de ensino.
Filho de Francisco Vicente Vieira, analfabeto e sem trabalho, e de Mara Núbia Bezerra, dona de casa e sem muito estudo, Danilo Bezerra Vieira é um exemplo raro de brasileiro que os setores da Educação desconhecem.
Sozinho, o menino que tem como ídolo Juscelino Kubistchek, construiu um pedaço de um sonho que ainda tem muito a ser erguido. Juntou os livros que tinha em casa e na sala sem reboco de sua casa simples, montou uma biblioteca.
Sem apoio e provando que muitas vezes vale a força própria para ganhar o reconhecimento, Danilo não precisou de prefeito, governador…mas de seu esforço e talento para chegar a Brasília como vencedor de um concurso de redação. Tema: Juscelino Kubistcheck.
Foi destaque no Senado, que hoje lhe é devedor. Ainda não entregou o notebook que ele ganhou por ter vencido o concurso.
Na semana passada voltou a Brasília. Foi a convite do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada, que na festa de 47 anos de fundação, exibiu um documentário onde um dos personagens é Danilo.
O menino que orgulha o Rio Grande do Norte, mas que o Rio Grande do Norte ainda desconhece, é o entrevistado de hoje do quadro Fim de Semana.

Thaisa Galvão Como surgiu a ideia da Biblioteca e por que a homenagem a Juscelino Kubistchek?
Danilo Bezerra Surgiu do interesse em tornar acessível à comunidade um acervo de livros que tinha. O conhecimento deve estar aberto a todos. Eu homenageei o JK por que sou admirador deste homem público, sei de toda sua vida, e faço um paradoxo da construção de Brasília com a
biblioteca.
Thaisa Galvão Você recebeu algum apoio?
Danilo Bezerra - Não. Apenas recebemos livros da Secretaria de Educação Estadual. Fora isso só a comunidade local e órgãos federais.
Thaisa Galvão Sua biblioteca está localizada na zona rural?
Danilo Bezerra Sim, a 5 km da sede do município.
"Eu homenageei o JK por que sou admirador deste homem público, sei de toda sua vida, e faço um paradoxo da construção de Brasília com a biblioteca."
Thaisa Galvão - Quantas visitas em média a biblioteca recebe por semana?
Danilo Bezerra Uma média de 15 a 50 visitas.
Thaisa Galvão - Como foi que o seu trabalho chegou a Brasília?
Danilo Bezerra Ano passado escrevi a melhor redação do Estado em um concurso de redação do Senado Federal e estive lá. Deu uma visibilidade maior ao meu projeto. Enviei um documento aos órgãos federais contando minha história.
Thaisa Galvão - Você foi a Brasília outra vez, foi recebido no Senado, com direito a discurso? Como foi isso?
Danilo Bezerra Estive no Senado para conceder uma entrevista e conhecer o senador Pedro Simon, o qual ficou emocionado com meu projeto. Ele citou minha visita na sessão plenária do dia seguinte.
Danilo com a mãe Mara Núbia e o senador Pedro Simon
Thaisa Galvão - Depois disso veio o IPEA que foi a Almino Afonso registrar o seu trabalho para um documentário. Como foram as gravações?
Danilo Bezerra Quando o Ipea viu um presidente de biblioteca com 17 anos, o instituto viu o potencial e que com a ajuda dada para mim na doação do conhecimento produzido, estava cumprindo sua missão de disseminar o conhecimento. As gravações duraram dois dias, na Escola Estadual Ronald Neo Júnior,onde eu estudo, e na minha casa.
Thaisa Galvão - Na semana passada você voltou a Brasília para o lançamento do documentário?
Danilo Bezerra - Terça (13), na presença do instituto, autoridades, empresários, pesquisadores e universitários participei da exibição e discursei para uma platéia lotada. Acompanhado-me estava minha mãe, Mara Núbia e a secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho.
Thaisa Galvão - Pelo que tenho sentido o seu trabalho tem sido mais reconhecido em Brasília do que na sua cidade…
Danilo Bezerra - Infelizmente, as autoridades municipais não deram uma contribuição efetiva para minha obra social.
Thaisa Galvão - Você tem algum objetivo que ainda não tenha alcançado em relação à biblioteca?
Danilo Bezerra - Sim, quero no futuro poder transformá-la em um instituto de pesquisas sociais para a sociedade e um mecanismo de propagação da cultura e educação no Estado.
Thaisa Galvão Você espera que tipo de apoio depois do reconhecimento?
Danilo Bezerra - Poder proporcionar uma condição física melhor. A biblioteca é na sala de casa. Não disponho de matérias eletrônicos para a biblioteca. Até ganhei um notebook do Senado ano passado mas não recebi ainda.
Thaisa Galvão - Como fazer para doar livros para a biblioteca JK?
Danilo Bezerra - Os interessados podem entrar em contato através do e-mail http://mce_host/compose?to=dnlbzrr@gmail.com
Thaisa Galvão Na sua família tem algum educador? Quem são seus pais, o que eles fazem?
Danilo Bezerra - Não. Meu pai é analfabeto, agricultor, mas hoje não trabalha mais devido um acidente de motocicleta. Minha mãe tem o ensino fundamental incompleto, dona de casa. Meus país são os maiores professores que tenho, sou um reflexo dos dois.
Thaisa Galvão O que você está cursando agora e quais seus planos profissionais?
Danilo Bezerra Estou no terceiro ano, pretendo realizar o vestibular para dois cursos: Direito e Comunicação Social.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

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Mulheres são acusadas de atacar homens sexualmente para retirar sêmen

Polícia do Zimbábue acredita que haja gangue de mulheres atuando em todo o país; sêmen seria usado para rituais de magia.

28 de novembro de 2011 | 6h 51
A polícia do Zimbábue acredita que uma quadrilha nacional de mulheres esteja atacando homens sexualmente para retirar seu sêmen para o uso em rituais que supostamente trariam prosperidade.
Nesta segunda-feira, três mulheres supostamente ligadas à gangue começam a ser julgadas na capital do Zimbábue, Harare. Esse foi o primeiro caso de prisões de acusadas, mais de um ano após os primeiros relatos sobre o caso, que chocaram o país.
Uma suposta vítima, que pediu anonimato, relatou sua experiência à TV do país em julho. Ele disse ter sido atacado após aceitar uma carona de um grupo de três mulheres em Harare.
"Uma das mulheres jogou água na minha cara e elas me injetaram algo que me deu um forte desejo sexual", contou.
"Elas pararam o carro e me forçaram a manter relações sexuais com cada uma delas diversas vezes, usando preservativos", disse.
"Quando elas terminaram, me deixaram totalmente nu no meio do mato. Algumas pessoas me ajudaram a chamar a polícia, que me levou ao hospital para tratar dos efeitos dessa droga que elas haviam dado para mim, porque o forte desejo sexual continuava", afirmou.
Prostitutas ocupadas
As mulheres presas foram indiciadas por 17 acusações de ataque indecente agravado - já que a lei do Zimbábue (assim como a do Brasil) não considera estupro uma mulher forçar um homem a manter relações sexuais.
Elas foram detidas no início do mês na cidade de Gweru, a 275 quilômetros a sudoeste de Harare, após policiais terem encontrado 31 preservativos usados no carro em que elas viajavam.
As mulheres negam as acusações, dizendo que são prostitutas e que não haviam jogado fora os preservativos porque estavam muito ocupadas.
Após serem soltas sob fiança, elas foram confrontadas e ameaçadas por uma multidão. Elas dizem que têm sido forçadas a permanecer dentro de casa desde então, para evitar a atenção indesejada.
O porta-voz da polícia Andrew Phiri disse à BBC acreditar que as mulheres pertencem a uma gangue que atua em todo o país.
"Nós recebemos relatos de diferentes cidades e províncias do país, de que isso está acontecendo nas estradas", disse.
"Ainda temos de descobrir por que isso está acontecendo. Ouvimos especulações de que está ligado a rituais", afirmou.
Acredita-se que o sêmen seja usado em rituais para trazer sucesso nos negócios e há até mesmo rumores de que o sêmen tem sido vendido para outros países.
Mas o professor universitário Claude Mararikei, especialista em sociologia e cultura, afirmou à BBC que o uso do sêmen "está na área de rituais e magia, que é quase uma sociedade secreta".
"Até mesmo pesquisadores não querem entrar nessa área porque você pode não sair vivo depois de publicar qualquer coisa que descubra", disse.
Casos não denunciados
Os primeiros relatos de ataques foram alvo de curiosidade e descrença, mas homens que falaram à BBC disseram que agora estão tratando a questão com seriedade.
"Agora só ando de ônibus quando ele está cheio e não pego caronas em carros particulares, principalmente se houver mulheres dentro", afirmou um homem que não quis se identificar.
"Precisamos tomar cuidado, porque há mulheres atacando homens. Isso está mesmo acontecendo", disse.
Em Harare, uma mulher identificada como Sibongile afirma que o caso está manchando a imagem de seu gênero.
"É muito ruim que haja mulheres tão mesquinhas que querem ganhar dinheiro fácil dessa maneira", disse ela à BBC no centro de Harare.
A polícia não diz quantos casos foram denunciados.
Nakai Nengomasha, um psicólogo que está trabalhando com três homens que dizem terem sido vítimas de ataques de mulheres, acredita que há muitos casos que não foram denunciados.
"Acho que há muitos casos que não foram relatados, porque as vítimas acham que não se sentirão suficientemente homens se falarem sobre esses assuntos", disse.
"Alguns deles precisam lidar com a questão de ver o ataque como uma perda da masculinidade e de se sentirem sujos", afirmou.
Isso é algo por que passou o homem que denunciou o caso na TV, que disse ter pensado em suicídio.
"Sinto-me violado e desapontado, porque quando contei para minha mulher o que aconteceu, ela me deixou, junto com um de nossos três filhos. Espero que ela volte", disse. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC