Lembrando a Redinha de antigamente – Jahyr Navarro, médico (jahyrnavarro@gmail.com)
Faz algum tempo que fui a convite do Dr. Barra Pinto e na companhia de outros amigos, conhecer a peixada…
Faz algum tempo que fui a convite do Dr. Barra Pinto e na companhia de outros amigos, conhecer a peixada “Caminho de Jenipabu” – que diziam ser a melhor na época -, situada na praia de Santa Rita, bem perto da desembocadura para a praia de Jenipabu – daí vem o nome -, que num passado não muito distante, os bugres utilizavam como passagem. Hoje, apenas os sócios da cooperativa se beneficiam desse privilégio.
Há poucos dias, fui surpreendido com a notícia que essa peixada havia fechado as portas, deixando incrédula a clientela cativa que custou a conquistar. Sábado, antes de seguir para Muriú, fui até Santa Rita, quando pude comprovar a veracidade da notícia. Lembrei-me de imediato, da primeira vez que ali estive, quando conheci o seu proprietário, Sr. Alfraldízio, que além de ser um bom cozinheiro, usava seu barco de pesca para com o produto de suas pescarias, nutrir sua peixada com o melhor que existia no gênero. Acertaram no peixe e no preço.
No caminho da volta, recordei que para chegar até ali, cruzamos a Redinha Nova de ponta a ponta, desfrutando da bela paisagem litorânea que se descortinava à nossa vista e, que corria célere, através da janela do carro acelerando o ritmo das recordações. Então, num esforço de memória, lembrei-me de quantos recantos desse meu mundo, haviam-se perdido num amontoado de lembranças que guardo no recôndito do meu coração e, que de súbito, tentavam ressurgir por todos os lados, até emoldurados com cores mais vivas. Continuei a examinar as imagens que surgiam na minha retina e vendo por trás de cada uma, a discreta lembrança da Redinha de antigamente, em cada pedaço de chão percorrido.
A Redinha do meu tempo, não tinha as proporções da atual, mas dentro dela cabia todos os nossos sonhos de juventude. Possuía até as dimensões exatas dos nossos desejos. Suas casas – quase todas de veranistas – ficavam de frente para o mar e para o rio. Entre elas, a igrejinha dos pescadores, que sinalizava – ao ser vista de longe – a alegria que todos eles sentiam no regresso aos seus lares, após vários dias de pescaria em alto mar. Para o lado das gamboas, conhecido como maruim, poucas casas permaneceram em pé após as enchentes do Potengi. Na “costa”, que era a parte da praia banhada pelo mar, sua fúria havia destruído muitas residências, ficando apenas uma, que retratava com suas sequelas a violência da sua última ressaca. No centro da Redinha, ficavam as casas menores, inclusive as dos pescadores localizadas nas ruas mais estreitas e derivadas da artéria principal, que recebeu vários nomes em várias épocas: Central, Cemitério, Floriano Martins e hoje Dr. João Medeiros Filho.
Durante o veraneio, quase todas as residências ficavam ocupadas e as poucas vazias, eram alugadas e transformadas em repúblicas para rapazes. Durante todo esse período, a Redinha vivia num clima de festa constante. Qualquer novidade era motivo para comemoração contagiando os visitantes de outros lugares.
O clube era o ponto de encontro dos veranistas que gostavam de participar das programações. Nele, tudo acontecia e dentro dele, tudo era posto em prática. Mesa para pingue-pongue, mesa para o carteado, salão de dança, treino de vôlei ao lado e uma cervejinha bem gelada em seus alpendres aos consumidores. Uma pequena parte sempre indiferente a tudo que se passava, seguia para apanhar caju no rio doce e na volta, banho de mar na costa, com disputa de natação até a “crôa” – um banco de areia que ficava distante e só aparecia com a maré baixa. Mas, o que mais tocava a nossa sensibilidade, era assistir todas as tardes as famílias no trapiche – que ficava em frente ao mercado – esperando seus entes queridos que regressavam sempre no último bote. A alegria da chegada compensava os abraços recebidos. À noite, na areia em frente ao clube, era quando se reuniam rapazes e moças, em torno do violão “magistralmente” executado pelos amigos Bochechinha, Romualdo – irmãos – e Zé Luiz. Todos já falecidos.
Com o fim do veraneio a praia ficava deserta. O que antes era alegre passou a ser triste. Onde havia euforia, imperava uma paz gerada pelo silêncio. Silêncio este que só era quebrado pelo zunir do vento ao impulsionar a areia da praia, a invadir os terraços das residências, formando verdadeiras dunas, algumas atingindo os telhados já bem rebaixados.
Hoje, a Redinha faz parte de Natal como um bairro diferente, tendo a ponte Newton Navarro como o seu traço de união. Com a construção dessa ponte, tudo se tornou mais fácil para os dois lados. Pelos padrões da modernidade, nada falta aos seus moradores. Possuem hotéis, bares, supermercados, clube, escolas, lojas etc, e para completar esse lado moderno de todo bairro chique, já convivem com o asfalto e os assaltos.
De tudo, guardo dentro de mim – mesmo com o alongamento do tempo – todos os veraneios que desfrutei ao lado dos meus amigos, inclusive, com seus mínimos detalhes, que cada vez que são lembrados, enriquecem ainda mais o meu tempo de juventude naquela Redinha de antigamente.
Há poucos dias, fui surpreendido com a notícia que essa peixada havia fechado as portas, deixando incrédula a clientela cativa que custou a conquistar. Sábado, antes de seguir para Muriú, fui até Santa Rita, quando pude comprovar a veracidade da notícia. Lembrei-me de imediato, da primeira vez que ali estive, quando conheci o seu proprietário, Sr. Alfraldízio, que além de ser um bom cozinheiro, usava seu barco de pesca para com o produto de suas pescarias, nutrir sua peixada com o melhor que existia no gênero. Acertaram no peixe e no preço.
No caminho da volta, recordei que para chegar até ali, cruzamos a Redinha Nova de ponta a ponta, desfrutando da bela paisagem litorânea que se descortinava à nossa vista e, que corria célere, através da janela do carro acelerando o ritmo das recordações. Então, num esforço de memória, lembrei-me de quantos recantos desse meu mundo, haviam-se perdido num amontoado de lembranças que guardo no recôndito do meu coração e, que de súbito, tentavam ressurgir por todos os lados, até emoldurados com cores mais vivas. Continuei a examinar as imagens que surgiam na minha retina e vendo por trás de cada uma, a discreta lembrança da Redinha de antigamente, em cada pedaço de chão percorrido.
A Redinha do meu tempo, não tinha as proporções da atual, mas dentro dela cabia todos os nossos sonhos de juventude. Possuía até as dimensões exatas dos nossos desejos. Suas casas – quase todas de veranistas – ficavam de frente para o mar e para o rio. Entre elas, a igrejinha dos pescadores, que sinalizava – ao ser vista de longe – a alegria que todos eles sentiam no regresso aos seus lares, após vários dias de pescaria em alto mar. Para o lado das gamboas, conhecido como maruim, poucas casas permaneceram em pé após as enchentes do Potengi. Na “costa”, que era a parte da praia banhada pelo mar, sua fúria havia destruído muitas residências, ficando apenas uma, que retratava com suas sequelas a violência da sua última ressaca. No centro da Redinha, ficavam as casas menores, inclusive as dos pescadores localizadas nas ruas mais estreitas e derivadas da artéria principal, que recebeu vários nomes em várias épocas: Central, Cemitério, Floriano Martins e hoje Dr. João Medeiros Filho.
Durante o veraneio, quase todas as residências ficavam ocupadas e as poucas vazias, eram alugadas e transformadas em repúblicas para rapazes. Durante todo esse período, a Redinha vivia num clima de festa constante. Qualquer novidade era motivo para comemoração contagiando os visitantes de outros lugares.
O clube era o ponto de encontro dos veranistas que gostavam de participar das programações. Nele, tudo acontecia e dentro dele, tudo era posto em prática. Mesa para pingue-pongue, mesa para o carteado, salão de dança, treino de vôlei ao lado e uma cervejinha bem gelada em seus alpendres aos consumidores. Uma pequena parte sempre indiferente a tudo que se passava, seguia para apanhar caju no rio doce e na volta, banho de mar na costa, com disputa de natação até a “crôa” – um banco de areia que ficava distante e só aparecia com a maré baixa. Mas, o que mais tocava a nossa sensibilidade, era assistir todas as tardes as famílias no trapiche – que ficava em frente ao mercado – esperando seus entes queridos que regressavam sempre no último bote. A alegria da chegada compensava os abraços recebidos. À noite, na areia em frente ao clube, era quando se reuniam rapazes e moças, em torno do violão “magistralmente” executado pelos amigos Bochechinha, Romualdo – irmãos – e Zé Luiz. Todos já falecidos.
Com o fim do veraneio a praia ficava deserta. O que antes era alegre passou a ser triste. Onde havia euforia, imperava uma paz gerada pelo silêncio. Silêncio este que só era quebrado pelo zunir do vento ao impulsionar a areia da praia, a invadir os terraços das residências, formando verdadeiras dunas, algumas atingindo os telhados já bem rebaixados.
Hoje, a Redinha faz parte de Natal como um bairro diferente, tendo a ponte Newton Navarro como o seu traço de união. Com a construção dessa ponte, tudo se tornou mais fácil para os dois lados. Pelos padrões da modernidade, nada falta aos seus moradores. Possuem hotéis, bares, supermercados, clube, escolas, lojas etc, e para completar esse lado moderno de todo bairro chique, já convivem com o asfalto e os assaltos.
De tudo, guardo dentro de mim – mesmo com o alongamento do tempo – todos os veraneios que desfrutei ao lado dos meus amigos, inclusive, com seus mínimos detalhes, que cada vez que são lembrados, enriquecem ainda mais o meu tempo de juventude naquela Redinha de antigamente.
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