Luiz da Câmara Cascudo, à esquerda. Foto do Google. Nota: a foto não se refere a uma "reunião" do clube, mas de um evento "social" regado a cervejas e uísques. Sem data.
Convite e
Iniciação
As
“iniciações”, no começo, limitavam-se a um convite e aquiescência tácita
aceitas pelo grupo. Mais tarde, Cascudo introduziu um “ritual”, na sua casa.
Depois de selecionado o nome do novo integrante, reuníamo-nos em sua biblioteca
para a “cerimônia” de aprovação. Via-se o recipiendário sentado numa cadeira de
palhinha e nesse trono improvisado era coroado com a “mitra” espelhada de um
“galante” do boi-de-reis. O “neófito” segurava um centro também improvisado, às
vezes um cipó de jucá, simbolizando o tirso na mão de Dionísio.
O Clube
tinha a sua senha: rei-vassalo – repetida obrigatoriamente quando nos
encontrávamos. Como toda senha é um sinal convencionado para reconhecimento das
pessoas, a nossa era transmitida e explicada: ao mesmo tempo rei e vassalo,
príncipe e súdito. Esse dualismo de concepções opostas foi idéia de Cascudo
para nos lembrar o nosso princípio de “inocência”, a criança que brinca de rei
e cria seus “castelos no ar”.
Nisso
residia uma parcela do epicurismo tão repetido por Saturnino, aquela parte que
recomenda a humildade; ou não era nada, apenas fruto de nossa “inocente”
imaginação. Nas reuniões em casa de Cascudo, quando a cerveja espumava ou o
vinho fermentava nos copos, era ele mesmo quem, lá para as tantas da fresca
madrugada, tomava a iniciativa de apanhar as suas comendas e as distribuir
entre nós outros, condecorando cada um a seu modo. Assim, pois todos passavam a
comendador nesse ou naquele grau. Saturnino, como o professor da Marinha,
recebia sempre medalhas do Mérito Naval do Almirante Tamandaré. Cada inocente
era agraciado com uma daquelas medalhas penduradas no pescoço. Pela abundância
e riqueza de detalhes no verso e anverso, essa distinção de amizade pendurada
ao peito me dava a impressão da medalha milagrosa pela maneira como estava
momentâneamente honorificado. Saturnino, já um tanto avinhado e avermelhado,
Cascudo costuma repetir: eis o nosso conde... coroado.
Nem
Hipócrates nem Basilides
Cascudo, no
convivio do Clube, era pródigo e expansivo em divertidas improvisações. Às
vezes mandava o recipiendário ajoelhar-se sobre uma almofada, empunhava uma
espada e, numa informal postura de um D’Artagnam quixotesco, bem distanciado do
Visconde de Bragelonne, estendia o gládio sobre a cabeça do “iniciado”,
ordenando-lhe repetir um juramento improvisado, aquilo que propositamente se
jura e não se cumpre. Quem ia lá se lembrar de Apolo, Asclépio ou Esculápios,
deuses e deusas do Olimpo longínquo, conforme Hipócrates impunha aos jovens
médicos de Cós para constrangimentos dos velhos clínicos de cá!
Nessa
postura de espadachim pacifista, Cascudo era fértil em escamotações eloquentes,
dir-se-ia, o abracadabra da magia verbal.Para nós que o admirávamos, toda essa
sua expontaneidade nos parecia um passe de mágica. De uma feita, para
satisfação de todos os Inocentes presente, ele encostou a espada na cabeça do
genuflexo Diógenes da Cunha Lima e logo após o juramento gracioso, sem as
implicações da fórmula mágica usada nos abraxás criados pelo pitagórico Basilides,
improvisou esta inocente mensagem, que valeu por dez pedras preciosas usadas
como amuletos para os 365 dias do ano, pela tradição de Basilides:
_
Diógenes... de hoje por diante... rei de todos os vassalo e vassalo de todos os
reis. Estava terminado o cerimonial improvisado para a aceitação do novo sócio.
E partimos para levantar o brinde à saúde do rei, bem ao gosto do costume da
corte. A largos haustos, bebemos todas a saúde reservala ao príncipe.
Potina,
Fabulino e Locutino
Havia, entre
os romanos, duas divindades protetoras da infância, da meninice, enfim, da
inocência: Fabulino e Potina. Fabulino ensinava a criança a falar
convenientemente. Potina, a beber. O Clube dos Inocentes acatou esse modus
loquenti e esse modus bibendi dos romanos mas, como diziam os mesmos romanos –
bono modo – sem exagero. Falar convenientemente e beber o suficiente para não
perder a inocência. Perguntarão, talvez, - e todos se comportaram assim?
Responderei:
nem todos. Alguns se excediam, mas fora do Clube. Isso porém, não nos tocava,
tampouco nos competia vigiá-los. Fora das vista, longe do pensamento, escreveu
Homero na sua Odisséia, repetido por Marco Aurélio, nas Meditações. Deixemos de
fora os imoderados.
Prevalecia,
também, entre os romanos, o culto ao deus Locutino, uma outra divindade
invocada para orientar a conversa das crianças, o ensino da Ortoepia.
Essainspiração nunca faltou aos integrantes de nosso Clube: confabulação ou boa
conversa. Entretanto, nunca houve uma oportunidade de todos nós 13 nos
sentarmos à mesa para recordar o modus loquendi de Fabulino ou, como ainda
repetiam os latinos – loquela tua manifestum te facit – pela conversação se
conhece o espírito de cada um. Fabulino não nos concedeu essa graça.
Inspirado na
narrativa do Evangelho, Leonardo da Vinci reuniu, no quadro da ceia larga,
Cristo e os Doze Apóstolos. Na Inglaterra, houve, numa determinada época, o
Club dos Treze (Clube of Thirteen) cuja finalidade era combater as
superstições. Pitigrilli, num artigo traduzido para o Diário de Notícias,
afirma que D’Anunzio, no “decorrer do ano 1913”, datava as suas cartas escrevendo
assim: 1912 + 1. Isso é o cúmulo da superstição. Conta-se ainda que o Papa
Gregório Magno costumava oferecer um almoço a 12 pobres. Um dia, reunidos os humildes
convidados para o ágape, apareceu Jesus para participar da refeição. Daí por
diante, o número 13 recuperou-se como número de sorte. Pelo menos no Vaticano.
Nós, os
inocentes, apesar de sermos 13, jamais tivemos a sorte de nos sentarmos todos
juntos para um almoço ou uma ceia. Nenhuma de nós era supersticioso. Até se
cogitou de se criar um emblema para o Clube: um galo de ouro encravado no
número 13, que deveria ser usado na lapela. Discutiu-se a idéia. A proposta foi
aprovada, mas a forma nunca se materializou. O galo é 13 no jogo do bicho.
Talvez nem precisasse dizê-lo.
Assim era o
Clube dos Inocentes. José Saturnino adoeceu em 1974. Ele era a alma do Clube.
De sua enfermidade para cá nunca mais nos agrupamos. Resta-nos, hoje, a saudade
dos que partiram para o mistério das sombras: Milton, Djalma,Cascudo, José
Medeiros, Ascendino e o insubstituível Prof. José Saturnino. As horas de prazer
voam ligeiras, costumava repetir o poeta Bocage.
As Retras de
Licurgo
Como já
mencionei, o Clube não tinha estatuto, dispensava ata, não exigia anotação de
espécia alguma. Licurgo, na reforma administrativa que impôs a Esparta, criou
uma ordenações chamadas retras. Por essa inovação no sistema das leis
espartanas, Licurgo recomendava que nada se escrevesse. O importante eram os
costumes e não a lei escrita. A eficácia da lei estava na boa aplicação
consetundinária: dispensava publicação ou codificação. Pensava Licurgo que essa
Legislação ou essa forma de direito fora ditada pelos deuses. Uma noite,
Cascudo, Saturnino e eu, numa daquelas nossas “espumantes” tertúlias,
discutimos o mérito das retras e ficamos “enebriados”, perdidos nas recordações
da Grécia antiga, revividas na inocência readquirida em nosso Clube. Haja
inspiração!
E novamente
vieram as recomendações: nada de ata ou minúcias de registro escrito.
Entretanto, esse comportamento não proibia que alguém tirasse da conversa algum
proveito e o recuperasse em seu diário ou em algum artigo de jornal. O que se
recomendava era a despreocupação nos movimentos “felizes” de nossas
descontraídas reuniões. Já bastavam as atas mal redigidas, o português
comprometido em solecismo e pontuação inadequada, que constantemente éramos
obrigados a ouvir e ver, enfadonhamente, em certas agremiações lítero-esportivas,
lembrava o Prof. Saturnino. Nosso Clube fora idealizado para recreação, “for
relax” ou, como o mesmo Saturnino repetia, “dar uma prega no tempo” e sermos
inocentes das maldades alheias. Hoc fac et vives, emendava eu com o conselho de
Cristo: fazer isto e viverás. Nada de regras imposta: nenhuma disciplina
comprometedora. Tudo deveria correr livremente ou espontaneamente. Esse direito
ou isenção de normas rígidas nos recomendava a ser livres e de bons costumes.
Apesar de
todos esses descontraimentos, não hesitei em escrever alguns artigos para os
jornais A Ordem e A Tribuna do Norte, além de outras anotações no meu diário
íntimo. Infelizmente, a falta das datas precisas, a precariedade da minha vista
não permitem rebuscar esses arquivos ou revelar, aqui, essas ingênuas
publicações. A própria filosofia do Clube dispensa esse preocupante e estafante
esforço.
Em 1960,
quando regressei dos EE.UU cheguei a fazer um documentário filmando em 8mm
sobre 8 componentes do nosso Clube. Lá está Cascudo bem “novinho”, lépido e com
excelente aidição, posando para minha humilde câmera acendendo e baforando o
seu charuto Danemann, Renato Gouveia, “o presidente pérpetuo enquanto bem
servir”, constrída uma casa na Rua Princesa Isabel e sai dos montões de caliça
e tijolo pela porta de seu Gordini encarnado fumando um cigarro Continental. O
filme ainda está no meu poder como uma recordação viva do que fomos e já não
somos mais: - Arnaldo, Saturnino, Eulício, Zé Leiros, Severino Nunes, Ascendino
e Reginaldo Rocha participam desse documentário.
Mas nunca
esqueci e ainda guardo vivamente na memória o que aconteceu, em casa de
Reinaldo Ferreira, no dia 21.4.1955, um almoço que nos ofereceu esse anfitrião
com o repasto de um enorme peru-ema. Esqueçamos, por enquanto, as retras de
Licurgo.
Em Casa de Reinaldo Ferreira – O Peru-Ema
Para
despreocupação dos Inocentes, quando se reuniam, documentei o seguinte
acontecimento. Certo dia, (precisamente 21.4.55) Reinaldo Ferreira da Costa
ofereceu-nos um almoço em sua residência, na Rua São Sebastião, Bairro das
Rocas. Ali foi imolado um imenso peru que mais se assemelhava a um daqueles
monstruosos pássaros descritos na mitologia grega. Comemorava-se o aniversário
de Reinaldo.
Gorgônio
Regalado, o orador, apelidou-o de peru-ema. Antes mesmo de o peru-emas ser
servido, Reinaldo nos trouxe uma panela de goiamuns cevados cuja patas
avolumadas e possantes cortariam, estou certo, as presas de um elefante.
Admirado de ver “tamanhas dianteiras”, Gorgônio, após ter comido, com o auxílio
de um martelo, uns dez goiamuns, proferiu esta palavra que, entre os Inocentes,
ficaram mais célebres do que o sermão de Vieira aos Peixes.
-“Se alguém
de vós disser que comeu mil e um carangueijos e ficou com fome, não o
desmintais”. Gorgônio queria dizer que, quanto mais se come o crustáceo, mais
se acumulam as sobras e menos se mata a fome. Interrogado Saturnino por
Severino Nunes se o português de Gorgônio estava correto, o mestre levantou-se
de pata em punho, respondendo-lhe com a mesma ênfase dos superlativos de José
Dias, no Dom Casmurro: corretíssimo!... Entre os Inocentes destacava-se um
convidado especial, Ezequiel Pires, muito amigo de Severino Nunes. Em casa do
anfitrião encontravam-se Francisco Sabino e João Lima integrantes do conjunto
musical IAP, homenagem à extinta Informação da Agência Pernambucana ou os
auto-falantes pertencentes ao saudoso Luiz Romão. O peru-ema foi cuidadosamente
preparado e guisado pela esposa de Reinaldo, dona Marina. Reinaldo não
pertencia ao Clube dos Inocentes.
Vale uma
explicação. Reinaldo Ferreira da Costa, músico e sapateiro, era o homem dos
sete instrumentos. Tocava violino, no coro da Igreja de São Sebastião, nas
Rocas, e violão, no Clube Andaluzia, na Ribeira. Lá, no Clube,
divertia-se,dançando transando com as ímpias Madalenas. Cá, na igreja,
entretinha-se rezando e cantando com as piedosas filhas de Maria.
Nas horas
vagas, Reinaldo aplicava meia-sola em sapatos. Nesse assunto tem sido, até hoje
entre nós outros, superior aos sapateiros as antiga Jônia. Pelo menos jamais se
aventurou a criticar nenhum dos nossos Apeles. Tampouco necessitou de usar a
charlatanice daquele sapateiro de Èsopo que, reduzido à miséria, tentou ganhar
a vida, como médico, num lugar distante, onde ninguém o conhecia. E lá
conseguiu iludir uma boa clientela vendendo remédios falsificados e passando
diagnósticos comprometedores.
Trocando os
pés pela cabeça, saiu-se muito mal, porque adoeceu o rei, e, chamado a
socorrê-lo,como não sabia medicá-lo, obrigou-se a confessar a criminosa
aventura. O rei o puniu.Reinaldo, apesar de ter-se mudado, a um tempo, para o
Rio, ainda hoje contenta-se humildemente com os seus unstrumentos musicais. Na
sua oficina de sapateiros, sua única preocupação é aperfeiçoar o modelo das
sandálias, motivo pelo qual não quer ir além disso. Continua o homem dos sete
instrumentos. Ainda hoje bate sola, sino,violão e pandeiro coma as mesma
habilidade. Harmoniza o compasso das mãos ao ritmo dos pés. Ailson Gibson que o
diga.
Ora, como
Reinaldo Ferreira foi um grande admirador de Saturnino, e recebeu,
principescamente, em sua casa, naquele sábado, o Clube dos Inocentes, para um
banquete a patas e patos, aqui lhe dedico estas observações nas reminiscências
de nossa história, sem esquecer a frase de Gorgônio Regalado:
-Se alguém
de vós disser que comeu mil e um caranguejos e ficou com fome, não o
desmintais...
Avis Incârum
Rara
Quanto ao
peru-ema reservado por Reinaldo Ferreira ao Clube dos Inocentes, lembro-me
daquele cardapium organizado pelo latinista mineiro, Dr.Diogo de Vasconcelos,
preparado com o sal de Plínio – adita salis grano – e oferecido, num jantar, a dignitários eclesiásticos. Todos os
preparativos para a Ceia Larga foram cuidadosamente estudados em sua chácara de
Ouro Preto. Vasconcelos apresentou o seu cardapium aos sacerdotes com esta
jocosa sonoridade latina:-Prandium clericale,ut imago Coenae Domini post
solemnem benedictionem – ou seja – banquete clerical, que a semelhança de Ceia
do Senhor, realiza-se depois de benção solene.
Cardapium,
como ementa de pratos, preços e iguarias, já é etimologicamente um belo
artificio arranjado, em latim: charta daps – folha escrita com refeições. Daps,
em latim, era a refeição ritualística (sacrificio) de que se serviam os deuses.
Por este cardápio, observa-se quanto os deuses eram de paladar exigente.
Prossigamos com o prandium invitatus do humanista Diogo de Vasconcelos ou o seu
banquete canônico preparado na liturgia dos dois calendários – XII kalendas
maji MCMXVII – em maio de 1918. Saboriemos de seus preciosos acepipes:
_ Jus
pontificale – a sopa (servida as monsenhor)
_
Ostracismus atheniensis comparatus – ostras recheadas
_ Orysa
Oviparis crementa- arroz ao forno(destinado ao cônego)
_ Phaselus
tutus ob lubum – tatu de feijão com lombo.
O orador
sacro saboreou aper Davini gratia evolutas – leitão ou javali evoluído graças a
Darwin. E um canonista serviu-se regaladamente de avis incarum rara – peru ou
ave rara dos incas. Convém lembrar, nesse sutileza filológica, que o peru era a
língua primitiva falada pelas nações incas. Nesse inteligente e divertida
aproximação, Vasconcelos utilizou-se do mesmo jogo de palavras já usado por Sêneca, em – gallus (gato) e Gallus (gaulês). Já me referi a isso
anteriormente. No banquete clerical de Vasconcelos, além das alusões a Jesus
Cristo, aos incas e a Darwin, não faltou, na condimentação, uma pitada do sal
ático: astrocismus atheniensis crementa.
Assim, pois
nesse clima de avis rara ou banquetes sagrada também oferecido, nas Rocas, aos
deuses inocentes, é que entra o nosso peru-emas ou a avestruz de Reinaldo
Ferreira. Tem o mesmo sabor da avis incarum rara condimentada em Ouro Preto,
nos idos de 1918 e saboreado pelos padres de boa vida. Bem ao gosto do
latinista Vasconcelos, vamos chamar o peru-ema da fauna ”gorgoniana” de gallus
indicus, et struthiocamelus. Que me perdoem os seguidores de Darwin pela
origem dessa espécie rara ou dessa evolução espontaneamente natural.
Todas essa
glutonaria de melindrosos paladares me faz lembrar aquela rara avis in terris
mencionada na sátira de Juvenal. Entretanto, Juvenal referia-se ao cisne negro
– nigroque simillima. O peru-ema de Reinaldo teve sabor, mas não lhe vi a cor.
E por avis rara entende-se, hoje, tudo aquilo que é único ou extraordinário, do
mesmo modo que o grãozinho de sal da já deturpada frase de Plínio serve para
retemperar a moderação ou o comedimento – cum grano salis – com certa reserva.
É
extraordinariamente reservado que eu ainda ativo as glândulas salivares ao
descrever o sabor daquele peru-ema, recordando aquela ensolarada manhã de 1955,
ad kalendas aprillis. Por muito menos, o Padre Bacelar, o filólogo que fez a
língua portuguesa originar-se diretamente do grego, no seu inusitado
Dicionário Etmológico, definiu o caranguejo como “um peixe vermelho que anda
para trás”; e deu ao cágado essa desengonçada origem: sapo concho. Esses
disparates levaram um crítico a dizer que o caranguejo não é peixe nem é
vermelho nem anda pata trás. Mas, o pobre do cágado continua testudamente se
arrastando muito ancho.
Já o
Dr.Castro Lopes, rei dos neologismos, traduziu a reunião campestre que os
ingleses chamam de picnic por converscote – (banquete + escote). Escote, no
sentido de cota para as despesas, é um galicismo – ecot – reunião dos que comem
juntos. Nesse caso, o convescote criado por Castro Lopes virou algazarra numa
granja de árabes. Nesse descampado convívio em que as formigas também tomam
parte, o peru-ema de Reinaldo Ferreira perderia seu sabor, mesmo que as coxas e
a tutela fossem servidas em estilo king size sandwiches, ou seja tamanho
família.
Quanto ao Prandium
Clericale temperado na cocina ou coquina de Diogo de Vasconcelos, para
plenitude do cardapium, consulte-se Phrases e Curiosidades Latinas ,de Arthur de
Rezende. E fiquemos com a memória do peru-emas associada á avis incarum rara ou
ao gallus indicus, er struthiocamelus. Que prevaleça a inocência. Não nos
esqueçamos da filosofia do nosso clube: inocentes das maldades alheias.
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O Próximo capítulo:
O Simbolismo do Galo
e sua Entrada no Clube (página 23).
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