Vídeo com fotos de Einstein
dezembro 9, 2008 por Carlos Alberto
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Um causo do Café Majestic, enviado por Evaldo Oliveira
março 12, 2013 por Carlos Alberto
Durante as décadas e 20 e 30 (séc. XX), a Ribeira era o bairro dos ricos de Natal. O Café Magestic reunia o melhor da sociedade natalense da época e era uma marca registrada do bairro.
Em dado momento o proprietário, preocupado com o crescente número de “fiados”, compartilhou sua preocupação com um amigo, também frequentador do Café - poeta, boêmio, dono de um senso de humor apurado - o qual sugeriu ao amigo que afixasse um cartaz no estabelecimento, que ele teria o maior prazer em redigir o texto.
Sugestão aceita. No dia seguinte lia-se em letras garrafais, logo no salão principal do tradicionalíssimo Café Magestic, esta peça rara da literatura brasileira:
Pra que não haja transtorno
Aqui no meu barracão
Só vendo fiado a corno
Fela da puta e ladrão
Fonte: “A Natal que Eu Vi”, de Lauro Pinto.
PS – Conta-se que o número de “fiados” foi quase a zero.
Para você entender que não era fácil fugir do FIADO, diz Evaldo que SEU PAI FALIU POR SUA CAUSA.
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Bares na literatura potiguar
fevereiro 20, 2013 por Carlos Alberto
Estou recuperando e colando aqui material que produzi para o GeoCities, no início dos anos 2000.
© 2002 C.A. dos Santos
Texto revisado em novembro/2002
Texto revisado em novembro/2002
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Em cada esquina um poeta, em cada beco um jornal. Assim é Natal, boêmia e cheia de bares, com poetas e escritores a dar com pau. Fui buscar na literatura referências a antigos bares natalenses. Garimpei o material relacionado abaixo.
Apesar de tantos bares e botecos, apenas a Confeitaria Delícia teve a primazia de ser imortalizada numa obra exclusiva. Trata-se do magnífico livro de José Alexandre Garcia,Acontecências e tipos da Confeitaria Delícia, ao qual dedico página exclusiva.
A vida boêmia ocupa boa parte da obra de Diógenes da Cunha Lima (Natal. Biografia de uma cidade), mas ele pouco menciona os nomes dos bares. Quando fala de Albimar Marinho, é um bar atrás do outro. Quando fala de Berilo Wanderley, menciona o bar do Nemésio, mas não diz como se chamava. Não seria Granada Bar?. Alguém aí pode me confirmar?
Diógenes também fala do Bar da Tripa, e conta uma história muito engraçada envolvendo Zé Areia, barbeiro, boêmio, humorista nato, improvisador, satírico e epigramista. Era assim que Diógenes via Zé Areia. A propósito, José Alexandre Garcia fala bastante de Zé Areia, principalmente das suas estripulias na Confeitaria Delícia.
Vingt-un Rosado, com a sua insuperável visão editorial, publicou um pequeno trecho do diário de viagem do americano John dos Passos, quando este visitou o Rio Grande do Norte, lá pelos idos de 1962. Quando descreve sua chegada em Natal, ele diz: Descemos no hotel no centro da cidade. Consegue-se no bar um gim tônico [sic] pouco convidativo, mas não há sanduíches. Algumas pessoas de aspecto desanimador transpiram na entrada do hotel. Não almoçamos. São três da tarde e estamos famintos. Mas só conseguimos para comer algumas fatias de queijo seco. Sem pão. Pela descrição, suponho que John dos Passos esteja se referindo ao Grande Hotel, que era, à época, o melhor hotel de Natal, mas estava localizado na ribeira, e não no centro da cidade.
Boêmio por natureza, Augusto Severo Neto (ASN) refere-se a vários bares no seu agradabilíssimo Ontem vestido de menino. Situado na Tavares de Lyra, o Cova de Onça era um bar parecido com os aristocráticos bares portugueses do Rossio. Durante os anos vinte, trinta e quarenta servia cafezinhos, vermute, cinzano, quinado Constatinno, conhaque Macieira, tudo isso acompanhado de azeitonas e queijo do reino. Entre petiscos, aperitivos e muita conversa política, ficou o dito popular: conversa fiada foi o que fechou o Cova da Onça.
O Café Magestic, ficava em frente ao Royal Cinema, bem ali na esquina da Ulisses Caldas com a Vigário Bartolomeu. Quando ASN o conheceu já dava ares de decadência: Semi-pardieiro de água-e-meia, teto metade forrado com tábua de forro de pinho-de-Riga, metade de telha vã, com muita teia, caibros redondos, viga e tesouras descobertas. Deve ter tido melhor vida, senão não teria o lugar que tem no nosso imaginário. Quem conta sua história detalhadamente é João Amorim Guimarães em Natal do meu tempo. João Amorim nos informa que no local do Magestic existia, no início do século XX, o Café Potiguarânia.
Augusto Severo Neto também escreve sobre o bar do Hotel Internacional, o Wonder Bar, o OK Bar e o Zepelim, dos quais me ocuparei na próxima atualização desta página.
Falando sobre Os americanos em Natal, Lenine Pinto refere-se ao Café O Grande Ponto, no centro da cidade, e ao bar do Grande Hotel, na Ribeira, aquele mesmo que deve sido visitado por John dos Passos.
O Café São Luís, de tantas histórias, é mencionado por Jeanne Fonseca quando descreve o Grande Ponto.
Em O menino e seu pai caçador, Berilo Wanderley faz um comovente obituário do Bar e Confeitaria Cisne e uma elegia em prosa para o Restaurante Pérola e para o Bar do Nasi, ambos no famoso Beco da Lama.
Veja tambémBibliografia
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Confeitaria Delícia
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
© 2002 C.A. dos Santos
Texto revisado em dezembro/2002
Texto revisado em dezembro/2002
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O texto aqui apresentado é inspirado no extraordinário livro de José Alexandre Garcia, Acontecências e tipos da Confeitaria Delícia (Clima, 1987). Como convém a um material na web, este será apresentado em sucessivas atualizações.
Em 1942, o chileno Jacob Lamas e seu cunhado italiano, Amadeu Grandi fundaram a Confeitaria. O potencial econômico ficou logo evidente, mas a administração do empreendimento era um problema para o representante comercial Jacob e para o alfaiate Amadeu. Estava claro que a confeitaria não podia ocupar o lugar dos ofícios primários dos proprietários. Resolveram vender, enquanto estava no auge.
Sinval Duarte Pereira, filho de Ismael Pereira adquiriu o estabelecimento e convidou o português Olívio Domingues da Silva para gerenciar a Confeitaria. Para Olívio a atividade comercial era inata. O freguês entrava para comprar uma caixinha de fósforo e saía com uma caixa de vinho. Logo a Confeitaria ganhou um reservado para funcionamento de um bar.
Em 1948, Olívio adquiriu o estabelecimento por Cento e vinte mil cruzeiros, uma fortuna! A transação foi acompanhada de fatos cheios de ternura e confiança na honestidade de Olívio. Sinval exigia sessenta mil cruzeiros no ato e sessenta mil em promissórias. As economias de toda a vida não davam ao português mais do que quarenta mil. O patrício Manoel Gonçalves Ribeiro entregou, espontaneamente, os vinte mil cruzeiros para a entrada.
Você começa a me pagar quando começar a ganhar dinheiro, disse antes de ouvir os enternecidos agradecimentos do conterrâneo pobre.
Olívia desejava que Oswaldo Medeiros fosse um dos seus avalistas, mas não tinha coragem para fazer a abordagem. Vejamos, nas palavras de José Alexandre, como se isso se sucedeu.
Oswaldo raramente aparecia na Delícia e quando o fazia era às pressas, só comprava à vista, só pagava à vista, negócio com ele era como Cancão dizia “em cima do pára-lama, pei e pou”. Comprou, pagou. Ainda por cima, era meio caladão, sem muitas intimidades, fidalgo, passara anos estudando na França.
Um belo começo de tarde, inopinadamente, entra Oswaldo no bar. Uma forte azia complicava-lhe a digestão. Pediu um bitter.
Olívio fez das tripas coração. Falou.
O filho de Aureliano não disse palavra. Sentou-se no birô do dono, cavalgou os óculos no nariz e comandou.
-Traga as promissórias.
Olívio ainda duvidava.
-O sr. vai assinar todas, “seu” Oswaldo?
Oswaldo, de Parker 51 em punho, balançou a cabeça afirmativamente.
-Olívio, se num mês, você não tiver o dinheiro todo, me procure que eu completo.
Grossas lágrimas desceram pelo rosto do portuga.
Finalmente era dono e senhor da Confeitaria Delícia.
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Bares na literatura potiguar
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
Estou recuperando e colando aqui material que produzi para o GeoCities, no início dos anos 2000.
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Texto revisado em novembro/2002
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Em cada esquina um poeta, em cada beco um jornal. Assim é Natal, boêmia e cheia de bares, com poetas e escritores a dar com pau. Fui buscar na literatura referências a antigos bares natalenses. Garimpei o material relacionado abaixo.
Apesar de tantos bares e botecos, apenas a Confeitaria Delícia teve a primazia de ser imortalizada numa obra exclusiva. Trata-se do magnífico livro de José Alexandre Garcia,Acontecências e tipos da Confeitaria Delícia, ao qual dedico página exclusiva.
A vida boêmia ocupa boa parte da obra de Diógenes da Cunha Lima (Natal. Biografia de uma cidade), mas ele pouco menciona os nomes dos bares. Quando fala de Albimar Marinho, é um bar atrás do outro. Quando fala de Berilo Wanderley, menciona o bar do Nemésio, mas não diz como se chamava. Não seria Granada Bar?. Alguém aí pode me confirmar?
Diógenes também fala do Bar da Tripa, e conta uma história muito engraçada envolvendo Zé Areia, barbeiro, boêmio, humorista nato, improvisador, satírico e epigramista. Era assim que Diógenes via Zé Areia. A propósito, José Alexandre Garcia fala bastante de Zé Areia, principalmente das suas estripulias na Confeitaria Delícia.
Vingt-un Rosado, com a sua insuperável visão editorial, publicou um pequeno trecho do diário de viagem do americano John dos Passos, quando este visitou o Rio Grande do Norte, lá pelos idos de 1962. Quando descreve sua chegada em Natal, ele diz: Descemos no hotel no centro da cidade. Consegue-se no bar um gim tônico [sic] pouco convidativo, mas não há sanduíches. Algumas pessoas de aspecto desanimador transpiram na entrada do hotel. Não almoçamos. São três da tarde e estamos famintos. Mas só conseguimos para comer algumas fatias de queijo seco. Sem pão. Pela descrição, suponho que John dos Passos esteja se referindo ao Grande Hotel, que era, à época, o melhor hotel de Natal, mas estava localizado na ribeira, e não no centro da cidade.
Boêmio por natureza, Augusto Severo Neto (ASN) refere-se a vários bares no seu agradabilíssimo Ontem vestido de menino. Situado na Tavares de Lyra, o Cova de Onça era um bar parecido com os aristocráticos bares portugueses do Rossio. Durante os anos vinte, trinta e quarenta servia cafezinhos, vermute, cinzano, quinado Constatinno, conhaque Macieira, tudo isso acompanhado de azeitonas e queijo do reino. Entre petiscos, aperitivos e muita conversa política, ficou o dito popular: conversa fiada foi o que fechou o Cova da Onça.
O Café Magestic, ficava em frente ao Royal Cinema, bem ali na esquina da Ulisses Caldas com a Vigário Bartolomeu. Quando ASN o conheceu já dava ares de decadência: Semi-pardieiro de água-e-meia, teto metade forrado com tábua de forro de pinho-de-Riga, metade de telha vã, com muita teia, caibros redondos, viga e tesouras descobertas. Deve ter tido melhor vida, senão não teria o lugar que tem no nosso imaginário. Quem conta sua história detalhadamente é João Amorim Guimarães em Natal do meu tempo. João Amorim nos informa que no local do Magestic existia, no início do século XX, o Café Potiguarânia.
Augusto Severo Neto também escreve sobre o bar do Hotel Internacional, o Wonder Bar, o OK Bar e o Zepelim, dos quais me ocuparei na próxima atualização desta página.
Falando sobre Os americanos em Natal, Lenine Pinto refere-se ao Café O Grande Ponto, no centro da cidade, e ao bar do Grande Hotel, na Ribeira, aquele mesmo que deve sido visitado por John dos Passos.
O Café São Luís, de tantas histórias, é mencionado por Jeanne Fonseca quando descreve o Grande Ponto.
Em O menino e seu pai caçador, Berilo Wanderley faz um comovente obituário do Bar e Confeitaria Cisne e uma elegia em prosa para o Restaurante Pérola e para o Bar do Nasi, ambos no famoso Beco da Lama.
mapa do site
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Bares antigos de Natal: mapa do site
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
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Revisado em 12 de janeiro de 2003
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Confeitaria Atheneu
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
© 2002 C.A. dos Santos
Texto revisado em 14 de janeiro de 2003
Texto revisado em 14 de janeiro de 2003
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A Confeitaria Atheneu era assim denominada por causa do Colégio Estadual do Atheneu Norteriograndense, que ficava em frente. De inocente confeitaria colegial, o estabelecimento logo transformou-se em concorrido bar dos boêmios que por ali residiam. Nos finais de semana, a partir de 6a feira, a bebedeira corria solta.
Durante a semana, nos intervalos das aulas, suas mesas eram testemunhas de histórias folclóricas algumas, maliciosas outras, e mentirosas a maioria. Em solene juramento prometo, contarei as mais mentirosas.
Mas não era só dessas pequenas vilanias que a Confeitaria Atheneu era palco. Eram freqüentes as acirradas disputas pela solução de problemas e charadas não usuais. Lembro bem de um problema que resistiu semanas sem solução. Além do menino que o apresentou, apenas um outro encontrou a solução. Ainda lembro o enunciado, mas a modéstia impede-me de denunciar o autor da solução.
Um pai falou para o filho: Eu tenho o quíntuplo da idade que tu tinhas, quando eu tinha a idade que tu tens. Quando tiveres a idade que eu tenho, nossas idades somarão 120 anos. Quais as idades do pai e do filho?
A quem interessar possa, o pai tem 50 anos e o filho 30.
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Boite Arapuca
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
© 2002 C.A. dos Santos
Texto revisado em 12 de janeiro de 2003
Texto revisado em 12 de janeiro de 2003
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No final de 1964, ou início de 1965, a imprensa natalense estampou um dos maiores escândalos que tenho conhecimento até hoje. A polícia havia invadido a boite Arapuca e descoberto que se tratava de um antro para orgias sexuais e consumo de drogas. Pelo que se comentava naquela época, a cocaína não era usada, a não ser em ambientes reservadíssimos. Maconha, lança-perfume e alguns psicotrópicos químicos, tipo perventim eram as drogas que nós, mortais caretas, sabíamos ser de uso freqüente. Dessas, a lança-perfume parecia ser a mais inocente. Por outro lado, a mistura de perventim com bebida alcoólica era altamente explosiva.
Quaisquer que fossem as conseqüências dessas drogas, não era isso que alimentava o imaginário popular. Eram as anunciadas orgias sexuais, e principalmente seus personagens, o que mais despertava o interesse do grande público. Surgiram vários boatos e lendas urbanas em torno de figuras importantes da sociedade natalense. Era aquele destacado empresário que diziam ser homossexual, ou aquela dama, mulher daquele milionário, que tinha um caso de amor com aquele outro, ou com aquela outra dama, e assim ia.
Um professor de português, cujo pai diziam ser homossexual, e que estaria na Arapuca no dia da batida policial, protagonizou uma cena hilariante numa das suas aulas.
O professor estava analisando ditados populares, quando saiu com este
- Filho de peixe, peixinho é.
Fez cara de paisagem quando soou a gargalhada geral.
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A Palhoça
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
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Texto revisado em 13 de janeiro de 2003
Texto revisado em 13 de janeiro de 2003
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Esta crônica é baseada em texto enviado por um internauta identificado como Caramuru.
Em 1969, Joerton era nosso professor de matemática no 3o ano do científico noturno do Colégio Estadual do Atheneu Norteriograndense. Ah! o velho e glorioso Atheneu. Era um estudante de engenharia, um pouquinho mais velho que os mais novos da nossa turma. Freqüentávamos os mesmos ambientes da boêmia. Depois da aula de 6a feira saíamos para a farra, geralmente para as festas do ABC, que ficava bem ali, na esquina da Afonso Pena com a Potengi, atrás do Atheneu.
Joerton exibia aquele ar desligado comum aos seres humanos de inteligência indiscutível. Fazia questão de deixar claro que não precisava preparar aula. Para ele, o improviso era a marca do intelecto superior. Tinha orgulho de tudo isso, mas do que mais se orgulhava era da sua capacidade de ingestão alcoólica. Conhecia todos os bares e botecos de Natal, mas seu local preferido era a A Palhoça. A Palhoça era assim, não necessitava do qualificativo Bar.
Toda 4a feira Joerton saía do Atheneu, seguia pela Potengi até a Av. Deodoro, dobrava à esquerda e caminhava cinco quadras até à Palhoça. Ficava ao lado do Cine Rio Grande, e era de propriedade do pai de Luíz Damasceno, o mais competente livreiro da capital potiguar. O nome Palhoça combinava com a arquitetura do estabelecimento, que consistia em vários cubículos, separados por paredes de palha, com chão de areia.
Certa vez Joerton nos convidou para uma cervejada na Palhoça. Como de costume, não parava de contar histórias do folclore escolar. Naquele dia, a mais hilariante envolvia um famoso filhinho-de-papai, que era tão obtuso, quanto rico.
A cena ocorrera no cursinho pré-vestibular. O professor de matemática estava dando uma aula sobre análise combinatória. A certa altura, o garboso e obtuso mancebo, que se postava arrogantemente nas últimas cadeiras da sala, pergunta:
- Professor, o que quer dizer esse sinal de exclamação depois do número 4?
Imediatamente, um atilado e irônico colega que se sentava bem na frente, vira-se e diz, em alto e bom som:
- O sinal de exclamação está exclamando: Oh, menino, quanto és burro!
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Bar Dia e Noite
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
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Texto revisado em dezembro/2002
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O Bar Dia e Noite estava localizado na Rua João Pessoa, próximo à Rua Princesa Isabel. À tarde servia lanches para os adolescentes abastados, e à noite para a juventude namoradeira, igualmente abastada. Depois do namoro era costume ir até o Dia e Noite fazer um lanche para recuperar as energias perdidas no inocente jogo amoroso.
Nos finais de semana, a partir de sexta-feira, o bar fervia. Depois das festas nos clubes (ABC, América, Aero Clube, Assen, entre outros), era uma corrida para o Dia e Noite. Não raro, o teor etílico provocava pequenos sururus. É verdade que às vezes o quiproquó era grande, com generalizada quebradeira de mesas. Principalmente quando estavam metidos aqueles irmãos com sobrenome italiano.
O garçom Gasolina era uma figura marcante no Dia e Noite. É personagem certa no folclore do bar. Tinha os bordões seguidamente repetidos por ele e pelos fregueses. Não sei quantas vezes ouvi um ou outro freguês exclamando em alto e bom som:
- Gasolina, suspenda os ovos e passa a língua!
De vez em quando alguém perguntava:
- Gasolina, terminou a casa?
A costumeira resposta negativa de garçom era seguida pela complementação do piadista - Ah, então continua levando vara?. A referência era antiquada, tratava-se da construção de casa de taipa.
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Comes & Bebes de Antigamente
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
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Texto revisado em dezembro/2002
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Esta é uma página que será freqüentemente atualizada, à medida que a memória for refrescando e os leitores contribuindo.
Nos anos sessenta, a cartola era uma guloseima muito apreciada, e servida em qualquer bar ou sorveteria, sobretudo naqueles situados no Grande Ponto. Não lembro a receita com precisão, mas era feita com banana frita, coberta com uma camada de queijo frito, e canela. Nada light nem diet, mas era uma delícia.
A meladinha era uma mistura de cachaça com mel de abelha. Tão saborosa quanto embebedante. Era no Bar do Nazi, no Beco da Lama, onde se bebia a mais famosa meladinha de Natal.
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Links sobre bares de Natal
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
Estou recuperando e colando aqui material que produzi para o GeoCities, no início dos anos 2000.
© 2002 C.A. dos Santos
Texto revisado em 23 de janeiro de 2003
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Além das páginas próprias de cada bar ou restaurante, existem várias outras tratando de um ou outro aspecto dos bares de Natal. São, na maioria, páginas com informações turísticas. Selecionei aquelas que considero as mais interessantes:
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Bares antigos de Natal
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
Estou recuperando e colando aqui material que produzi para o GeoCities, no início dos anos 2000. Como se vê abaixo, essa era a página-portal do site.
© 2002 C.A. dos Santos
Texto atualizado em 23 de janeiro de 2003
Texto atualizado em 23 de janeiro de 2003
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Esta é a página-portal do site sobre os bares de Natal, principalmente os antigos. Além de resgatar parte da história da boêmia natalense, o site pretende ser um guia de bares e restaurantes contemporâneos.
Receitas culinárias, aperitivos e coquetéis também serão apresentados. Veja a primeira versão sobre este tema
Vamos apresentar como os bares natalenses aparecem na literatura potiguar, e como outros bares são apresentados na literatura universal. Em sucessivas atualizações, vamos apresentar muitas histórias sobre a Confeitaria Delícia, um dos mais antigos bares de Natal. O ambiente underground do Brisa do Mar, está sendo ilustrado com uma hilariante história enviada por um internauta anônimo. O Bar Dia e Noite, o preferido da juventude bem-nascida, e seu garçom gasolina, não poderia ficar de fora, assim como A Palhoça.
A Boite Arapuca, um antro de orgias sexuais e consumo de drogas, segundo comentários dos anos sessenta, também teve sua breve existência registrada.
Pelas inúmeras histórias que ali eram contadas, a Confeitaria Atheneu vai merecer uma página com sucessivas atualizações.
Para manter-se atualizado, visite o mapa do site, e o coloque entre seus favoritos.
Estaremos freqüentemente apresentando novos links, com outras páginas sobre bares de Natal, antigos e novos.
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Bar Brisa do Mar
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
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Texto revisado em dezembro/2002
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O texto que se segue foi elaborado a partir de informações prestadas por um freqüentador do bar Brisa do Mar. A seu pedido, o informante permanecerá no anonimato.
Nos anos sessenta, o bar Brisa do Mar era um ponto de encontro do meio intelectual natalense. Entenda-se, para usar uma expressão da época, era o ponto de encontro do underground. Hoje poderia muito bem ser classificado como um bar GLS. Ficava na margem do rio Potengi, na altura da rua João da Mata, próximo à Casa do Estudante, os principais freqüentadores do recinto.
Depois trocaram o nome do bar. Passou a chamar-se Brisa del Mare. Já tinha essa bobagem naquela época. Era o início da grande Greenville em que se transformou este país.
Além dessas circunstâncias sociológicas, o bar era famoso pelo
carangueijo preparado por Nazareno, a Madame Satã potiguar. Como o malandro e homossexual carioca, Nazareno também era um negrão forte, e costumava desafiar machões e valentões, batendo no peito e falando alto:
- Sou muito mulher para bater em você.
Certa noite de lua cheia, o bar lotado, a farra corria solta. De repente, falta luz na cidade. Blecaute total. Imediatamente, alguém, com voz de soprano, grita na sua típica afetação:
- Atenção, atenção, vamos fazer a chamada: Jane.
- Presente, respondeu outra na mais estridente fanfarra.
Os nomes sucederam-se: Odete, Cristina, Gigliola, Ariene…
A cada nome, um presente ora escandaloso, ora comedido.
A luz chegou e alguém começou a dedilhar malaguenha no seu bem afinado violão. Uma dançarina, com calça Saint-Tropez coladíssima no corpo, ensaia trejeitos castelhanos.
A birita já tinha chegado ao meu limite quando descobri que a linda menina dos meus desejos estava com sua namorada, vigilante namorada, entenda-se.
NotasCarangueijo no leite de côco:Usualmente, o carangueijo é preparado n’água e sal. Coloca-se o carangueijo vivo na água fervendo e adiciona-se sal. Quando o carangueijo fica vermelho, está pronto. Parece que Nazareno foi um dos primeiros a preparar o carangueijo com leite de côco. A receita é ótima, e desde então passou a ser muito utilizada.volta
Madame Satã: João Francisco dos Santos, malandro, preto, pobre e homossexual, transformou-se em personagem folclórica da boêmia carioca na Lapa dos anos trinta. Com o apelido de Madame Satã virou mito de coragem na brigas de rua.volta
Calça Saint Tropez: Foi moda nos anos sessenta. Trata-se de uma calça com o cós bem abaixo do umbigo. Está de volta neste novo século.volta
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Bares Antigos de Natal, no Geocities
fevereiro 19, 2013 por Carlos Alberto
Tenho falado bastante sobre a volatilidade da memória nessa era da comunicação digital, sobretudo na internet. Coisas que simplesmente desaparecem, ou que não mais podem ser recuperadas porque a tecnologia de leitura já é outra. Acabei de ser vítima, com uma página que criei no Geocities, entre 2001 e 2002. Veja aqui a história do Geocities, em português e em inglês.
Motivado pelo artigo Lembrando o bar, café e lanchonete Dia e Noite, do médico Jahyr Navarro, publicado ontem no O Jornal de Hoje, resolvi reler o que tinha escrito sobre esse bar, há mais de uma década. Aí está a capa da página
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