Por Walter Medeiros*
Um dos dados históricos
importantes sobre bebidas alcoólicas mostrou que a arrecadação de impostos no
Brasil decorrente da produção e comercialização daqueles produtos significavam
2.8% do Produto Interno Bruto – PIB. Mas outro dado logo mostra que o Governo
gasta o correspondente a 5.4% do PIB para corrigir os estragos causados pelo
álcool. Isto porque as pessoas embriagadas findam envolvendo-se em acidentes,
confusões, brigas, questões e tudo isso requer a participação do Estado,
através de serviços de polícia, saúde, justiça e outros. Muitos acidentes de
trânsito, crimes, separações, mortes são resultado do uso das bebidas
alcoólicas.
A bebida alcoólica, para
quem pode beber socialmente, descontrai os ambientes e cria um clima festivo
comum em todas as camadas sociais. O uso excessivo do álcool, no entanto,
provoca a embriaguez e a consequente falta de reflexos para seus consumidores.
É da embriaguez que vem as consequências, pois as pessoas embriagadas perdem a
noção das coisas e os próprios reflexos. Quando menos esperam as pessoas estão
diante dos desastres mais impensados: carros virando ou batendo, pessoas
atirando e matando ou ferindo as outras, agressões e violências físicas ou
verbais, acidentes do trabalho, tudo que provavelmente não ocorreria caso as
pessoas não tivessem bebido.
Com o passar do tempo,
as pessoas que têm pré-disposição ao alcoolismo vão se envolvendo de forma
constante com a vida de bebedor e aí o álcool leva para elas outros riscos
importantes. Desta vez vai comprometer a saúde, pois o uso constante do álcool
pode desencadear doenças as mais diversas, em órgãos como fígado, coração,
intestinos e cérebro, com a morte dos neurônios. Estas pessoas vão
paulatinamente formando um grupo específico, o grupo dos chamados alcoólatras ou
alcoólicos, que também vivenciam os riscos daquele grande grupo de bebedores,
através do que poderia ser considerado um estado mais genérico, a embriaguez.
Esta realidade pode
servir para vermos claramente diferenças que existem no uso da bebida alcoólica.
As pessoas que fazem uso do álcool podem ser separadas como as que bebem
socialmente e nunca enfrentam problemas por causa da ingestão da bebida; as que
se embriagam, correm riscos e até podem se arrebentar após alguma farra; e as
que bebem por serem afetadas por uma doença chamada alcoolismo. Trata-se de
situações que precisam ser compreendidas e enfrentadas, na medida em que é
preciso proteger a sociedade do uso nocivo do álcool.
No caso dos bebedores
sociais, dificilmente terão problemas, pois bebem algo, param e retomam a vida
normalmente mesmo depois de festividades. Aquelas que se embriagam ou bebem
além da conta, tanto podem ser protagonistas de desastres como podem parar nas
estatísticas da chamada Lei Seca, que controla motoristas irresponsáveis. Os
alcoólatras, por fim, passam por todas as situações anteriormente citadas, pois
em alguma ocasião pode até beber socialmente, seja qual for o motivo; pode
embriagar-se e enfrentar problemas na família, no trabalho e na sociedade, mas
vão além de tudo isso.
Para entender melhor a
situação dos alcoólatras, é importante lembrar que o alcoolismo é uma doença
progressiva, incurável e fatal. Progressiva, porque tem fases sucessivas: a
adaptação, quando a pessoa começa a ter contato com a bebida; a tolerância,
quando a pessoa bebe muito e o organismo vai suportando; e a dependência, que é
quando a pessoa não consegue viver sem a bebida. É incurável porque até agora
não se descobriu uma forma de fazer os alcoólatras beberem sem problemas. E é
fatal (o alcoolismo), porque em muitos casos leva a pessoa à morte, seja por
acidentes, incidentes ou doenças decorrentes do uso da bebida.
Em meio a tudo isso, o
que mais choca é ver a bebida sendo vendida e usada por menores de idade,
embora a lei proíba; é ver atletas e esportistas fazendo propaganda de bebida
alcoólica nos mais diversos meios; é ver a falta de controle, fiscalização e
cumprimento da lei que proíbe a propaganda de bebidas no rádio e TV antes das
21:00, mas as bebidas patrocinam aberta e despreocupadamente as jornadas
esportivas dos sábados e domingos à tarde.
A Organização Mundial da
Saúde considera alcoolismo uma doença desde 1967. E a cada dia que passa
percebemos que se trata de uma doença que mata demais; cada vez mata mais.
*Jornalista
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Postado por AssessoRN - Jornalista Bosco Araújo no AssessoRN.com em 5/24/2014 10:24:00 AM
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