sábado, 15 de outubro de 2011

Sobre uma tradução de Marcos Silva.

QUEM NÃO PODE COM O POTE...!


CRITÉRIO QUALITATIVO PRÓPRIO...


“Não obstante o esforço crítico de exegese e atualização bibliográfica empreendido pelo professor Marcos Silva, seu livro se ressente da falta de diálogo com conterrâneos do autor, notadamente com o poeta Luís Carlos Guimarães das "113 traições bem-intencionadas" (Edufrn, 2 ed., 2007), no qual traduziu um conjunto de poemas de Rimbaud, dentre eles, "Le Dormeur du Val", também vertido por Silva nesse seu novo livro. Não hesitaríamos em situar o livro de Lula Guimarães como pioneiro da arte tradutória contemporânea entre nós.Causa espécie ainda que nossa "Antologia Poética de Tradutores Norte-rio-grandenses" (Edufrn, 2008), na qual consta uma tradução do próprio Marcos Silva do "Sonnet du trou du cul", de Rimbaud/Verlaine, reproduzida nesse "Rimbaud etc", não seja uma única vez citada por Silva a título de fonte bibliográfica. Seria o caso de imaginar que esse autor arrola suas fontes segundo um critério qualitativo próprio, onde cabem determinadas fontes, enquanto outras, digamos as "provincianas", são relegadas? Preferimos acreditar tratar-se de um desses casos de lapso, no que tange às duas lacunas citadas, inda mais em se tratando de uma bibliografia que se renova a passos largos, como a de Rimbaud...”

NÉLSON PATRIOTA

***


CLARIDADE VERSUS ESCURIDÃO
(O bom e o outro)




1) 



“SONETO DO BURACO DO CU

por Arthur Rimbaud e Paul Verlaine


Paul Verlaine fecit


Franzido e escuro como um cravo violeta,
Ele suspira humilde, oculto sob a espuma
Ainda úmida do amor que escorre numa
Esfera glútea até que ao fundo se intrometa.


Alguns filetes, feito lágrimas de leite,
Choraram sob o irado austro que os arrasta
Pelos calhaus de marga vermelhosa e gasta,
Para sumirem na voragem do deleite.


Arthur Rimbaud invenit


Amiúde acoplo a minha boca na ventosa
Minha alma, da corpórea cópula invejosa,
Fez ninho de soluços no bueiro rubro.


É o tubo de onde desce a ambrósia do delubro
É flauta carinhosa, é intumescida oliva
É fêmeo Canaã que eclode na saliva.”


Tradução: André Vallias


Nota do tradutor:  poema em forma de paródia a um livro de Albert Mérat, intitulado O Ídolo, onde se detalham todas as belezas de uma dama: soneto da face, soneto dos olhos, soneto das nádegas, soneto do… último soneto.







2)






“SONETO DO OLHO DO CU

Arthur Rimbaud e Paul Verlaine
Tradução de 
Marcos Silva



Obscuro e pregueado cravo violeta
Respira, humildemente no meio da espuma
Inda úmida de amor que em doce encosta ruma
Da brancura da bunda à beirada da meta.


Filamentos tais como lágrimas de leite
Choraram, sob o vento cruel que os repele,
Através de coágulos de barro em pele,
P’ra se perder depois onde a encosta os deite.


Mi’a boca se ajustou muita vez à ventosa
Minh’alma, do coito material invejosa,
Fez ali lacrimal e de soluços ninho.


Azeitona em desmaio e taça carinhosa
O tubo onde desce celeste noz gostosa
Canaã feminino em suor muradinho!” 
(*)




NOTA DO “MEDIOCRIDADE PLURAL - (*) Para não perder tempo - sem malhar métrica, rima, ritmo, etc. e etc. e tal -, que tal o segundo tradutor, o erudito Doutor Marcos Silva, explicar onde, na “paródia”, se encaixa esse “muradinho”? No “tubo” (epa!) ou na “Canaã”? Questão de gênero? Houaiss registra: "murado (adjetivo) - 1. que se murou; 1.1 cercado ou rodeado por muro(s)."
E agora Rimbaud?
Acode, Verlaine!

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